sexta-feira, 23 de novembro de 2012

“Skyfall”: 007 se moderniza mantendo o velho charme e bate recorde de bilheteria da série

Cefas Carvalho

Bond. O nome dele é Bond, James Bond. Herói cinematográfico por excelência, o agente 007 (nomenclatura que lhe dá permissão para matar) baseado nos romances elegantes de Ian Fleming protagonizou filmes que entraram para a história do cinema, como “Goldfinger” (meu preferido) e “From Russia with Love - Moscou contra 007”. Bond, agente secreto britânico elegante, eficiente e mulherengo, virou ícone não apenas cinematográfico mas pop, espécie de símbolo de macheza a partir dos anos 60.
Pois mesmo com todo esse pedigree, a franquia 007 estava fada a morrer, pelo menos é o que muitos pensavam, este escrevinhador incluso. Após tantas aventuras do agente vividas por Sean Connery, Roger Moore, os malfadados George Lazemby e Timothy Dalton, depois pelo eficaz Pierce Brosnan e agora por daniel Craig, dava-se a série e o próprio 007 como anacrônicos, obsoletos em um mundo sem o charge da época de Fleming, um mundo possuído por tecnologia, internet e investigações virtuais.
Mas, eis que os produtores preferiram acreditar na mitologia do agente e na necessidade de “modernização”. Deu certo. Tanto que po público “comprou” a idéia e leio agora que. "007 - Operação Skyfall" foi o filme da franquia de James Bond que mais arrecadou no cinema. O longa, o 23º da franquia faturou US$ 669,2 milhões em pouco mais de duas semanas de exibição. As informações são do site The Hollywood Reporter.
Dirigido por Sam Mendes - o ótimo cineasta de “Beleza americana” e “Estrada para a perdição” - , "Operação Skyfall", bateu "Casino Royale" com uma folga de U$ 70 milhões. O segundo filme com Daniel Graig no papel do agente 007 rendeu  US$ 599,2 milhões.
O sucesso de Skyfall elevou ao faturamento da Sony, que vive um ano de recordes. A empresa chegou aos US$ 4 bilhões em ingressos vendidos em 2012 pela primeira vez em sua história.
As maiores bilheterias da empresa foram "O Espetacular Homem Aranha, com US$ 754 milhões, "Homens de Preto 3", faturando US$ 624 milhões e Hotel Transilvânia, com US$ 283 milhões. 
"007 - Operação Skyfall" arrecadou US$ 507,9 milhões ao redor do mundo. Nos Estados Unidos, o filme acumula um total de US$ 161,3 mihões.
No Brasil, o filme  já rendeu R$ 21 milhões.

(Com informações de Uol Cinema)

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

MAGIC MIKE: O horizonte de nossas escolhas

Astier Basilio

Há um movimento duplo de passagem de bastão em “Magic Mike” (EUA, 2012), no novo filme do cineasta Steven Soderbergh. A ação se processa na ficção e fora dela. A atuação de Channing Tatum reposiciona o ator em outro horizonte. Ele não é mais só um rosto bonito. Adquiriu respeito e, certamente, terá sua carreira dimensionada depois deste papel.
Tatum interpreta o personagem que dá título à película. Mike é um stripper que está na faixa dos 30 anos. Ele encontra Alex Pettyfer, o jovem e bem apessoado Adam que se tornará The Kid, ao ser iniciado por Mike a trabalhar num clube de mulheres.
O paralelo entre vida e arte se intensifica quando sabemos que Soderbergh percebeu o potencial de uma grande história quando Channing Tatum, que também foi modelo, lhe contou que atuara, no começo da carreira, como stripper.
A exibição dos corpos, as coreografias eróticas, não se enganem, é mera superfície; algo como a troca de tiros nos bons faroestes ou o kung fu em ‘Matrix’. O melhor desse filme de Soderberg está, justamente, na maneira como os seus personagens encaram o seu futuro. Há um diálogo sensacional, a propósito. Após pagar ter uma dívida de 10 mil dólares, devido mais uma de suas irresponsabilidades, Kid comenta com Mike que ambos rirão daquilo daqui a 20 anos. “Você provavelmente, não estará nem mais vivo”, diz arrogante, cruel e inocentemente Kid.
Porém, as tensões entre perspectivas de vida se dimensionam ainda mais e no que poderia ser um espelho entre duas gerações em conflito. A de Mike, que imagina sair dessa vida, com Kid, que acredita, sim, está no melhor dos mundos, com mulheres, dinheiro e droga.
Há, no contrapelo, e silenciosamente, outra dupla geração que, de alguma maneira, espelha e amplifica o diálogo entre Mike e Kid: a do dono da casa de shows, Dallas, vivido por Matthew McConaughey, com o mais velho do elenco dos strippers, Tarzan, em atuação de Kevin Nash.
Não é à toa que a entrada de cena de Kid, inicialmente convidado para ser uma espécie de Office-boy dos rapazes, se dá quando Tarzan tem um ataque e não pode fazer o seu número; Kid entra em cena e improvisa ao som de “Like a Virgine” .
Tarzan é uma versão deformada, caricatural, do que é envelhecer levando a vida sem perspectiva, apenas, se divertindo sem ver o tempo passar. O espelho do que todos ali serão.
Surpreende o quanto Kevin Nash, um lutador que virou ator, está parecido, fisicamente, com o Mike Rourke, que fez o percurso inverso. Ele é, justamente, a outra face da moeda de Dallas, emblema do que seria dar certo neste mundo.
Há, lá fora, no mundo ensolarado dos que não se confinam no inferninho onde os desejos subterrâneos são saciados, uma outra vida cuja melhor representação está na irmã de Kid, Paige, Cody Horn. E é na tentação de atender a esse chamado que Mike se defrontará com o conforto de um mundo protegido, mas que já não lhe é mais suficiente.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Novo filme de Audiard tem Marion Cotillard, drama e dor

Quando vi entre os concorrentes do Festival de Cannes deste ano o novo filme de Jacques Audiard - do maravilhoso O profeta - De rouille et d´os (Ferrugem e osso), pensei com meus botões cinematográficos que seria um dos filmes que eu mais teria vontade de ver, juntamente com os novos Haneke e Kim Ki Duk. Divulgado o trailer oficial do filme, percebe-se que deve ser uma obra prima - justificando os elogios em Cannes - visceral e emocionante. Ao contrário dos trailers americanos que contam o filme inteiro, aqui só se vê o clima do filme e um fiapo de história, toda em torno de dor e superação (temas presentes em O profeta). Marion Cotillard parece dar outro show de interpretação (ganhou o Oscar por Piaf) e o astro em ascensão Mathias Schoenmerts (do filme belga Bullhead, que concorreu ao Oscar de filme estrangeiro e que dizem ser excelente) também aparenta estar muito bem (ambos eram cotados para os prêmios de interpretação em Cannes). Em suma, mais um filme a se esperar, embora conformado que se ele for exibido nos cinemas de Natal será por poucos dias e em horários improvãveis.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

"Les Misérables" ganha trailer oficial e tem cheiro de Oscar

Musical europeu de prestígio baseado no clássico literário do mestre Victor Hugo que, por fim, vira filme dirigido por cineasta inglês em ascenção que há menos de dois anos ganhou um Oscar de melhor diretor. Essa é a premissa de Les Miserábles, dirigido por Tom Hooper (sim, o sujeito que realizou O discurso do rei) e estrelado por Hugh jackson, Russell Crowe, Anne Hathaway e Amanda Seyfreid. Sou suspeito em relação a musicais porque adoro o gênero (consegui gostar de Mamma Mia e considero Sweeney Todd das melhores coisas que Tim Burton já fez), portanto, a tendência é que eu goste de Les Miserábles, até pela temática e narrativa (li o romance pela primeira vez aos dezoito anos e me encantei com o universo de Victor Hugo, mesmo autor do conhecido o Corcunda de Notre Dame, que na verdade se chama Notre Dame de Paris, e do maravilhoso Os trabalhadores do mar). E, a julgar pelo trailler, o filme tem cheiro e cara de Oscar, nem que seja pela parte técnica (parece candidato certo aos prêmios de Fotografia, Direção de Arte e Figurino). E se eu já fiquei boquiaberto com Meryl Streep soltando a voz em Mamma Mia, também me parece inusitado ver Crowe, Jackman e Anne Hathaway cantarolando no filme. É esperar estrear em Natal.

domingo, 4 de novembro de 2012

Filme francês fala sobre doença infantil sem pieguice e com humor

Cefas Carvalho

Não costumo gostar de filmes baseados em "histórias reais" edificantes assim como evito filme com animais fofinhos. Via de regra, são piegas, manipuladores e agridem a inteligência do espectador. Contudo, em toda regra há exceções e foi uma delas que assisti recentemente, o drama francês A guerra está declarada, candidato francês a uma vaga no Oscar de filme estrangeiro de 2011, o que, injustamente, não aconteceu.
É dificil falar sobre o filme sem ser spoiller, mas, de qualquer forma o plot também é simples e até certo ponto previsível. Em uma festa, Romeo (Jeremie Elkaim) e Juliette (Valerie Donzelli) se conhecem, flertam, brincam sobre seus nomes e se apaixonam. Rapidamente o romance vira casamento e, ato continuo, um filho. Tudo caminha em céu de bringadeiro até que o casal suspeita que o filho Adam tenha alguma doença. Os médicos diagnosticam um tumor cerebral no menino e a necessidade de operação urgente. A partir daí a vida tranquila dá lugar a um tempo sem fim em hospitais e todas as crises advindas da doença da criança.
Como a sinopse é igual a de dezenas de filmes pavorosos que passam com frequência na Sessão da Tarde da Rede Globo, é necessário duas observações:
1) O filme, dirigido pela protagionista Valerie Donzelli é baseado em sua experiência real (o pai do filho é justamente o co-protagonista, Elkaim, e ambos escreveram o roteiro juntos).
2) Com todo o drama da situação o filme não cai na pieguice. Os personagens vivem suas contradições seus paradoxos, o casal deixa o filho em tratamento no hospital e vai para festas com os amigos, briga, faz as pazes, pede empréstimo, enfim, vive a vida como ela é, apesar da doença e da dor.
Desta forma, A guerra está declarada é uma pérola do cinema francês atual, com um tema intenso, boas interpretações, direção segura e uma trilha sonora maravilhosa, que mistura música erudita e clássicos do pop. Como curiosidade uma cena - que mereceu críticas - em que o casal pára uma cena para cantar uma canção, bem à moda dos filmes de Christophe Honoré. Tem quem odeie. Eu gosto, quando funciona. Claro que o filme tem lá suas falhas (os pais dos protagonistas são sem vida e estereotipados, algumas reações parecem caricatas), mas nada que nem de longe comprometa o filme, que já merece seu lugar entre as boas coisas produzidas no cinema nos últimos anos.