segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Sobre Oscar, "injustiças" e a mecânica das premiações de cinema

Cefas Carvalho

Com algum atraso posto neste Veludo Azul material sobre o Oscar 2013 (premiando os filmes de 2012), realizado no domingo dia 24 em tradicional festa com pompa e circusntância em Los Angeles. Na verdade, pouco há para se dizer, posto que as redes sociais ficaram entupidas com notícias e comentários sobre a festa. Sites sérios como Uol, Ig, Yahoo e Bol produziram matérias em tempo real e nas redes sociais proliferaram comentrários e observações sobre os filmes, as roupas, os erros da academia, as gafes etc e tal.
Democrata convicto, sou voltariano daqules de defender até a morte o direito de alguém dizer algo que eu discorde. Mas, o fato é que em eras de internet e redes sociais, a verborragia parece excessiva e certas aberrações inibiram a vontade de, como em todos os outros anos, escrever textos sobre a cerimônia e, melhor, sobre os filmes (razão de ser da festa).
É que vejo aos montes "críticos" de cinema cometendo a façanha de criticarem alguns dos vencedores admitindo que sequer os assistiram! Outros (que certamente também não viram os filmes que criticam) recorrem ao preconceito mesmo: Como um longa dirigido e estrelado por Ben Affleck pode vencer como melhor filme?!
O problema maior é boa parte dos internautas não entender a mecanica das premiações. O Oscar é uma festa da indústria americana para a indústria americana. Uma festa que aceita penetras (O artista ano passado, Roberto Begigni vencendo o prêmio de melhor ator, Marion Cottilard vencendo Julie Christie, Cidade de Deus concorrendo a 5 estatuetas). Mas, a festa é essencialmente americana. Mais que isso, trata-se da opinião de um determinado grupo, como, aliás, também são as premiações de festivais elitizados e prestigiados como Cannes, Berlim e Veneza. Cito texto da jornalista Ana Maria Bahiana, que mora em Los Angeles há 30 anos e faz parte dos eleitores do Globo de Ouro: "Com todo o seu glamour e prestígio, o Oscar é apenas a manifestação da opinião de um grupo de pessoas num determinado momento. No caso, o grupo de pessoas é a síntese da indústria cinematográfica norte americana – com um grande componente internacional, que cresce a cada ano – e suas escolhas refletem o consenso de seu gosto, neste ano".
Dito tudo isso, vamos às opiniões deste blogueiro. Amor é o melhor filme do ano disparado e deveria vencer melhor filme, diretor e atriz? Sim, claro! Havia alguma chance de isso acontecer? Remota. Mas, o fato de Amor ser sensacional torna Argo um mau filme? Não. Argo é bem dirigido, bem montado, tem ótimo roteiro e trata de um história fascinante. Não entrará para os clássicos do cinema, mas também não é a porqueira que estão pintando. Django livre é uma obra prima ou mais uma farsa violenta e banal de Tarantino? Depende de você gosta ou não do diretor. Tenho amigos com gostos parecidos com os meus que tem nojo dos filmes de Christophe Honoré, meu cineasta jovem preferido. Em compensação tenho amigos cinéfilos que tem em Godard um deus e eu, particularmente não morro de amores por ele. Simples assim.
Particularmente meus filmes preferidos entre todos que disputavam o prêmio eram Amor e Indomável sonhadora. Mas, era pedir demais que um filme francês passado em um apartamento e outro independente dirigido por um rapaz de 35 anos ganhassem como melhor filme. Não por um ódio da Academia a filmes mais densos e profundos, mas, porque a mecanica da premiação é essa. Ou por acaso clássicos absolutos (mas convencionais) do cinemão americano  - como A noviça rebelde, Bonequinha de luxo, Assim caminha a humanidade - venceram ou venceriam festivais de Cannes ou Veneza? Afinal, a mecânica de festival é diferente.
Bem, por hoje é isso. Amanhã tem mais sobre Oscar, cinema e indústria.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Independent Spirit Award consagra "O lado bom da vida"

Cefas Carvalho

Neste sábado dia 23, um dis antes do Oscar, a festa maior da indústria do cinema americano, aconteceu a premiação do Independent Spirit Awrads, prestigiado prêmio dos melhores filmes independentes (aqueles feitos com orçamento limitado e por estádios de médio e pequeno porte) do ano nos EUA. Há anos, acompanho com atenção este prêmio, que valoriza filmes que dificilmente teriam distribuição e visibilidade.
O favoritismo neste ano ficou entre Indomável sonhadora e O lado bom da vida (que também concorrem ao Oscar). Eu torci pelo primeiro, filme que considero maravilhoso. Mas, deu a comédia romântica de David O. Russell, filme que gostei mas não vejo como merecedor de tantos prêmios e paparicos, principalmente pelo final "fácil" e previsível.
Bem, O lado bom da vida venceu como filme, diretor, roteiro e atriz. Também considero estranho a ausência de Moonrise kingdom dos prêmios, filme sensacional que não vem recebendo a devida atenção.
O troféu de melhor ator foi para John Hawkes por seu trabalho em As Sessões, filme que tenho vontade de assistir e que do favoritismo inicial do começo da temporada de prêmios, passou a negligenciado. Helen Hunt, companheira de Hawkes no drama, ganhou como melhor atriz coadjuvante.
O prêmio de melhor filme internacional foi, claro, para Amor, do austríaco Michael Haneke. Vencedor do Globo de Ouro e Bafta de filme estrangeiro, se vencer o Oscar neste noite vai ter vencido absolutamente todos os prêmios importantes que poderia ganhar (venceu Cannes, lembrem-se).
O prêmio de melhor filme a cargo de um diretor novato foi para As Vantagens de Ser Invisível, de Stephen Chbosky, enquanto que o prêmio de melhor roteiro estreante foi para "Safety Not Guaranteed", de Derek Connolly. O prêmio de melhor fotografia foi para Ben Richardson, por "Indomável Sonhadora, e de melhor documentário para "The Invisible War", de Kirby Dick.

Veja lista dos vencedores:

Melhor Filme
"O Lado Bom da Vida"

Melhor Ator
John Hawkes - "As Sessões"

Melhor Atriz
Jennifer Lawrence - "O Lado Bom da Vida"

Melhor Diretor
David O. Russell – "O Lado Bom da Vida"

Melhor Documentário
"The Invisible War" - Directors/Producers: Ken Burns, Sarah Burns, David McMahon

Melhor Roteiro
"O Lado Bom da Vida" - David O. Russell

Melhor Cinematografia
Ben Richardson - "Beasts of the Southern Wild"

Melhor Ator Coadjuvante
Matthew McConaughey em "Magic Mike"

Melhor Atriz Coadjuvante
Helen Hunt em "As Sessões"

Melhor Primeiro Filme
"As Vantagens de Ser Invisível"

Melhor Primeiro Roteiro
Derek Connolly por "Sem Segurança Nenhuma"

Melhor Documentário
The Invisible War

Melhor Filme Estrangeiro
"Amor" (Áustria)

Melhor Fotografia
Ben Richardson por "Indomável Sonhadora"

Prémio Produtores Piaget
Mynette Louie por "Stones in the Sun"

Prémio Truer Than Fiction
"The Waiting Room", de Peter Nicks

Prémio Someone To Watch
Adam Leon por "Gimme The Loot"

Prémio John Cassavetes
"Middle of Nowhere"

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Sesc vai exibir clássicos de Jacques Tati em municípios do RN


Em diversas cidades potiguares, o  melhor do cinema francês através da exibição dos grandes sucessos do renomado ator e diretor Jacques Tati. Esta é a “Mostra Tati por Inteiro”, que acontece de 25 de fevereiro a 27 de março, nas unidades do Sesc Natal, Mossoró, São Paulo do Potengi, Seridó, Nova Cruz e Macaíba.
“Levar a obra de grandes mestres do cinema mundial ao nosso público é uma grande honra para nós. Com isto, estamos democratizando o acesso a uma parcela da produção cultural que nem sempre chega de forma fácil e, ainda por cima, gratuita ao grande público. Este é mais um dos pilares do trabalho do Sistema Fecomércio, através do Sesc”, afirma o presidente do Sistema Fecomércio RN, Marcelo Queiroz.
O projeto é uma realização do Sistema Fecomércio, que através do Sesc chega ao público potiguar com exibições gratuitas. A Mostra também é uma parceria com a Embaixada da França e Cultures France e será exibida em todos os regionais do Sesc no país. 
“O Sesc é uma das únicas redes culturais brasileiras com tanta capilaridade no país. Sabemos que, graças a ele, chegaremos a lugares aonde nunca chegou Tati e, provavelmente, aonde quase nunca chegou um filme francês”. Yves Saint-Geours, Embaixador da França no Brasil.
A abertura da Mostra no Sesc RN será no dia 25 de fevereiro, às 18h30, no auditório do Sesc Centro, tendo como convidada a palestrante Meize Lucas, doutorada em cinema pela Université Paris III e escritora do livro “Imagens do Moderno” sobre Jacques Tati.
As férias do Sr. Hulot será o primeiro filme a ser exibido. A programação da Mostra contempla ainda os filmes: “Meu Tio”; “A Escola de Carteiros”; “Carrossel da Esperança”; “Cuida da Tua Esquerda”; “Parada”; “Curso Noturno”; “Tati: Seguindo os Passos do Sr. Hulot”; “As Aventuras do Sr. Hulot no Trânsito Louco” e “Tempo de Diversão”. Mais informações sobre horários e locais de exibição estão disponíveis no site www.sescrn.com.br

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O charme espanhol de O outro lado da cama

Cefas Carvalho

Comédia músical espanhola de 2002, dirigida por Emilio Martinez-Lázaro  O outro lado da cama é daqueles filmes de sucesso mediano que parecem restritos aos garimpeiros de sites de dowloads e cinéfilos. Baixei-o como uma curiosidade, entre classicos e trashes, e eis que, o filme se mostra acima das expectativas e, fundamental, tem o poder de ficar na lembrança do espectador e, em alguns casos (como o meu) exercer tal poder de sedução que parece melhor tê-lo assistido do que a muitos filmes indubitavelmente superiores.
A trama é simples e corriqueira: Em uma Madri contemporânea, Javier é namorado de Sonia, mas se envolve com Paula, namorada de Pedro, melhor amigo de Javier. Paula termina a relação com Pedro porque admite estar apaixonada por outro homem e a partir daí a trama tem início. Com desencontros e mal entendidos, como nas comédias românticas tradicionais.
Mas, como nos melhores filmes europeus, a trama é o que menos importa. O filme tem uma saudável amoralidade que é totalmente desconhecida das puritanas comédias românticas norte-americanas e o sexo parece ser uma constante para todos os personagens, como convém ao caliente sangue latino. Melhor que isso, sexo sem culpa, digno de ser conversado em mesa de bar e analisado.
Contudo, o filme desde o início mostra que tem ambições a comédia musical. Os números musicais (lembram os dos filmes de Christophe Honoré, mas é preciso lembrar que este é anterior a Canções de Amor, de 2006, e Os bem amados, de 2010) dão um charme a mais na história. É verdade que umas canções deixam a desejar e que em outras cenas, as coroegrafias são meio toscas, mas só a canção da cena inicial (video abaixo) vale a proposta.
O elenco todo está muito bem, com destaque para a sensualidade latente da Paula vivida por Natalia Verbeke (belíssima atriz argentina que foi a namorada de Ricardo Darin em O filho da noiva). A prestigiada Paz Vega (do maravilhoso e pouco conhecido Lúcia e o sexo) também está muito bem.
Enfim, um filme para se ver preferencialmente a dois em uma tarde de domingo. Com queijos e vinhos, faz favor.


sábado, 16 de fevereiro de 2013

Filme romeno sobre mãe e filho preso vence Festival de Berlim

Do UOL

O filme romeno "Child's Pose", do diretor Calin Peter Netzer (foto), foi o vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim deste.
"Pozitia Copilului" (título original do filme), conta a história de uma mãe que faz tudo que é possível para salvar o filho da prisão. O filme já também ganhou o prêmio FIPRESCI no festival.
O Urso de Prata de melhor diretor foi para David Gordon Green pelo longa "Prince Avalanche". As informações são da revista Variety.
O documentarista francês Claude Lanzmann, cineasta conhecido por "Shoah", filme de mais de nove horas de duração, recebeu o Urso de Ouro de Honra desta edição.
A atriz Paulina García ganhou o Urso de Prata de melhor atriz por sua atuação no filme "Glória". O bósnio Nazif Mujic ganhou o Urso de Prata de melhor ator por seu papel no filme "An Episode in the Life of an Iron Picker". O melhor primeiro filme ficou com o australiano Kim Mordaunt por "The Rocket".

Vencedores:

Urso de Ouro
"Child’s Pose", de Calin Peter Netzer

Urso de Prata do Grande Prêmio do Júri
"An Episode In The Life Of An Iron Picker", Danis Tanovic

Urso de Prata Alfred Bauer (de inovação artística)
"Vic & Flo Saw A Bear", Denis Côté

Urso de Ouro de melhor diretor
David Gordon Green, "Prince Avalanche"

Urso de Prata de melhor atriz
Paulina Garcia, "Gloria"

Urso de Prata de melhor ator
Nazif Mujic por "An Episode In The Life Of An Iron Picker"

Urso de Prata de melhor roteiro
Jafar Panahi por "Closed Curtain"

Urso de Prata de Contribuição Artística em Câmera, Edição, Trilha Sonora, Figurino ou Cenografia
Aziz Zhambakiyev por sua câmera no filme em "Harmony lessons", de Emir Baigazin

Melhor primeiro filme
"The Rocket", Kim Mordaunt

FIPRESCI

Competição
"Child’s Pose", Calin Peter Netzer

Panorama
"Inch’Allah", Anaïs Barbeau-Lavalette

Fórum
"Hélio Oiticica", Cesar Oiticica Filho

Panorama Audience Award  – filmes de ficção

"The Broken Circle Breakdown", Felix van Groeningen (Bélgica, Holanda)

Segundo lugar - "Reaching For The Moon", Bruno Barreto (Brasil)

Terceiro lugar - "Inch’Allah", Anaïs Barbeau-Lavalette (Canada/França)

Panorama Audience Award  – documentários

"The Act Of Killing", Joshua Oppenheimer (Dinamarca, Noruega e Grã-Bretanha)

Segundo lugar -  "Salma", Kim Longinotto (Grã-Bretanha)

Terceiro lugar - "A World Not Ours", Mahdi Fleifel (Líbano, Grã-Bretanha e Dinamarca)

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Cineclube Natal terá sessão mensal fixa em parceria com o Solar Bela Vista

Desde 2012, o Solar Bela Vista tem apostado em uma série de eventos e programações que visam a movimentação do circuito cultural e o crescimento do leque de opções para o público de Natal. Nesse contexto, o Cineclube Natal firmou parceria com a casa para uma nova sessão regular mensal: O Cine Solar.
As sessões terão início na sexta-feira, dia 15, sempre na terceira sexta-feira de cada mês, até o mês de junho. Os filmes escolhidos para o primeiro semestre giram todos em torno da temática “A Resistência Individual”  (à política, à religião, à ciência, à economia, etc.). Cada sessão terá curadoria dos membros do Cineclube Natal e contará com a presença de um convidado especial para coordenar e debater os filmes, junto com os curadores e com o público.
A primeira sessão exibirá o filme franco-italiano “Giordano Bruno” (Giuliano Montaldo, 1973) e terá como convidado o Prof. Ciclâmio Leite Barreto do departamento de Física Teórica e Experimental da UFRN. Não será cobrada taxa de ingresso para as sessões do Cine Solar.
Giordano Bruno é um das grandes obras do cinema político italiano dos anos 70. Com direção precisa de Giuliano Montaldo (Sacco & Vanzetti), o roteiro mostra um dos episódios mais polêmicos da história: o processo e a execução do astrônomo, matemático e filósofo italiano Giordano Bruno (1548-1600), queimado na fogueira pela Inquisição por causa de suas teorias contrárias aos dogmas da Igreja Católica. Giordano Bruno tem como destaque a impressionante interpretação de Gian Maria Volonté no papel-título, a música de Ennio Morricone e a belíssima fotografia do mestre Vittorio Storaro. 
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SERVIÇO:
Cine Solar
Filme: Giordano Bruno
Quando? Sexta-feira, dia 15/02, às 19h
Onde:  Solar Bela Vista (Av. Junqueira Alves, nº 417, Cidade Alta)

Texto: Assessoria do Cineclube Natal

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Cinema chileno vive expectativa com indicação de "No" ao Oscar


Uol Cinema

O Chile almeja este ano conquistar pela primeira vez um Oscar, e o faz com uma história pouca conhecida sobre a queda do ditador Augusto Pinochet, "No", que foi apresentada nesta quinta-feira em Madri por seu diretor, Pablo Larraín, e o ator mexicano Gael García Bernal.
Ambientada em 1988, "No" narra a campanha contra a permanência de Pinochet no poder no Chile antes do referendo convocado pelo regime com o objetivo de legitimar essa permanência em nível internacional. A consulta popular, que acabou com a derrota inesperada do ditador, abriu o caminho para a democracia.
"Há uma competição muito dura, com filmes muito bons, mas ao mesmo tempo é uma categoria extremamente imprevisível", disse Larraín sobre as opções de seu filme no Oscar. "A primeira grande notícia é que a indicação permite que mais gente conheça o filme".
Na cerimônia de gala de 24 de fevereiro, "No" competirá com o drama "Amor", do austríaco Michael Haneke; o norueguês "Kon-Tiki", de Joachim Ronning; o filme histórico dinamarquês "Um assunto real", de Nikolaj Arcel, e a fita canadense ambientada na África "War Witch", do diretor Kim Nguyen.