quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Com mais de 120 lançamentos, cinema brasileiro bateu recordes em 2013

Com a produção recorde de mais de 120 novos filmes neste ano, o cinema brasileiro superou as marcas anteriores de lançamentos, público e renda, segundo um balanço preliminar divulgado na sexta-feira (20) pela Agência Nacional do Cinema (Ancine).
Os 120 lançamentos em um único ano constituem algo inédito para o cinema nacional, que desde 1986 não registrava mais de 100 novas produções por ano, segundo o órgão.
Os filmes nacionais, além disso, atraíram para salas de exibição até agora 25,3 milhões de espectadores que geraram uma renda histórica de cerca de R$ 270 milhões.
A Ancine calcula que o número de espectadores de filmes brasileiros deve chegar a um recorde de 27,5 milhões no final do ano, acima dos 25,5 milhões registrados em 2010, até agora o ano mais rentável do cinema nacional.
Segundo a agência, enquanto os números generosos de 2010 podem ser atribuídos principalmente ao filme "Tropa de Elite 2", que atraiu 11 milhões de espectadores, em 2013 a grande demanda do público se dividiu principalmente entre nove filmes, cada uma das quais com mais de 1 milhão de espectadores.
Outros 21 filmes venderam pelo menos 100 mil ingressos nas bilheterias, cada um.
A participação das produções nacionais no mercado subiu de 10,62% em 2012 até 18,3% em 2013, apesar da forte concorrência de vários sucessos comerciais estrangeiros.
De acordo com o órgão, os quatro filmes brasileiras de maior bilheteria este ano foram as comédias "Minha Mãe é uma Peça: O Filme", de André Pellenz (4,6 milhões de pagantes); "De Pernas pro Ar 2", de Roberto Santucci (4,2 milhões); "Meu Passado me Condena: O Filme", de Julia Rezende (2,9 milhões), e "Vai que dá Certo", de Maurício Farias (2,7 milhões).
Também alcançaram importantes bilheterias "Somos Tão Jovens", de Antonio Carlos da Fontoura (1,7 milhão); "Crô: o Filme", de Bruno Barreto; "Faroeste Caboclo", de René Sampaio; "O Concurso", de Pedro Vasconcelos, e "Mato sem Cachorro", de Pedro Amorim.
Os resultados podem ser ainda melhores no ano que vem, já que, segundo o regulador, há uma grande quantidade de produções em fase final de edição e pelo menos 136 filmes brasileiros serão lançados em 2014.

(EFE-Bol)

Nota do blogueiro: A notícia, numericamente falando, é boa e mostra que o cinema nacional enquanto indústria está no caminho certo. Mas, o fato dos quatro filmes mais visto serem comédias estilo besteirol, é sintomático. Os dois melhores filmes do ano ("O som ao redor" e "Tatuagem") não conseguiram números tão elevados, apesar das críticas consagradoras. Sempre defendi que, em relação à cinema, é da quantidade que sai a qualidade. Resta esperar a reação do público nos próximos anos e torcer para que mais filmes fora do eixo "comédia padrão Globo Filmes" cheguem às salas de cinema.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

"Tatuagem": Militância da livre sexualidade e cinema de primeira

Cefas Carvalho

Que o cinema pernambucano há uns dez anos vem sendo o mais criativo e ousado do país, nem se discute. Obras como o pioneiro (ainda de 1997) "Baile perfumado", a triologia de Cláudio Assis ("Amarelo manga", "Baixio das bestas" e "A febre do rato") e "Era Uma Vez Eu, Verônica", entre muitos outros, confirmam isso. Contudo, tive o prazer de assistir na telona do cinema (sessão Cine Cult-RN no Cinemark) aquele que pode ser o símbolo ideológico desta cinematografia, por aliar forma e conteúdo à uma ideologia libertária e geográfica que funciona sexual, emocional e culturalmente.
Trata-se de "Tatuagem", de Hilton Lacerda, justamente o roteirista de "Baile...", "Amarelo..." e "Febre...". Muito já se falou sobre o plot: Em 1978, pena época da malfadada ditadura militar, uma companhia de teatro alternativo que se apresenta em um cabaré (no sentido europeu da palavra) de periferia, Clécio (o sensacional Irandhir Santos), que tem um relacionamento com Paulete (Rodrigo Garcia, espetacular), é atraído por um jovem recruta, "Fininha" (Jesuíta Barbosa). A partir daí, a trama segue os desenlaces emocionais dos personagens paralelamente com as ações teatrais da trupe.
Visceral, misturando drama com comédia (principalmente quando Rodrigo está em cena) e um viés político, "Tatuagem" é um filme essencialmente libertário. As cenas de homoerotismo são das mais ousadas e bem filmadas do cinema recente, com a intenção de deixar o espectador (principalmente o hetero) fora da zona de conforto (justamente por serem cenas românticas e belas). O clima anárquico do Chão de estrelas e a desenvoltura das cenas de carinho e sexo remetem a "Shortbus", de John Cameron Mitchel, outro filme que adoro e que funciona quase como uma militância ao livre comportamento e à livre sexualidade.
Mas, Tatuagem vai além enquanto cinema e, mesmo, política. O filme funciona não apenas na intenção, mas em tudo (fotografia, montagem, cenografia maravilhosa) e oferece cenas antológica (Clécio cantando "Esse cara" de Caetano Veloso, o roqueiro recifense Johhny Hooker inmterpretando a bela "Volta" - de sua autoria, para o filme - são cenas extremamente bem filmadas e emocionantes). Ah, a parte política é que o estilo de vida do grupo tetral, com sua liberdade sexual, de drogas e artística, colide com o que pensa a ditadura (defendida estranhamente hoje por algumas pessoas...) de maneira que a ação do Chão de Estrelas ganha um viés político.
Enfim, um filme militante da sexualidade e do afeto humanos no sentido que os são "Império dos entidos" e "Shortbus", mas que pode ser degustado enquanto cinema de qualidade (desde que você não seja homofóbico - Feliciano teria horror ao filme, ou não..., nem rea
cionário conservador). "Tatuagem", junto com o também pernambucano "O som ao redor" é o filme brasileiro do ano. E é filme para entrar na história do cinema nacional, pode escrever.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Globo de Ouro divulga indicados: Destaque para "12 anos de escravidão" e "Trapaça"

Cefas Carvalho

Saiu nessa quinta dia 12 a lista de indicados ao Golden Globes (Globos de Ouro) prêmio da Associação de críticos estrangeiros de Hollywood. O prêmio é prestigiado e via de regra termômetro para os indicados ao Oscar. Em um ano sem filme excepcionais, a relação dos nominados não trouxe surpresas nem azarões, como nos anos anteriores. Destaque para o número de indicações de "12 anos  de Escravidão", do inglês Steve McQueen, dos ótimos "Fome" e "Shame" e "Trapaça", o novo filme de David O. Russel, do bom, mas, superestimado "O lado bom da vida". Claro que "Gravidade" está entre os indicados (e favoritos), além dos novos filmes de Spike Jonze ("Ela") e dos irmãos Coen ("Balada de um Homem Comum") Confira a lista completa dos indicados ao Globo de Ouro de cinema para 2014:

MELHOR FILME DRAMA
"12 Anos de Escravidão"
"Capitão Phillips"
"Gravidade"
"Philomena"
"Rush: No Limite da Emoção"

MELHOR FILME DE COMÉDIA/MUSICAL
"Trapaça"
"Ela"
"Balada de um Homem Comum"
"Nebraska"
"O Lobo de Wall Street"

MELHOR ATRIZ COMÉDIA/MUSICAL
Amy Adams, por "Trapaça"
Julie Deply, por "Antes da Meia-Noite"
Greta Gerwig, por "Frances Ha"
Meryl Streep, por "Álbum de Família"
Julia Louis-Dreyfus, "À Procura do Amor"

MELHOR ATOR DRAMA
Chiwetel Ejiofor, por "12 Anos de Escravidão"
Idris Elba, por "Mandela: Long Walk to Freedom"
Tom Hanks, por "Capitão Phillips"
Matthew McConaughey, por "Dallas Buyers Club"
Robert Redford, por "All Is Lost"

MELHOR DIREÇÃO
Alfonso Cuarón, por "Gravidade"
Paul Greengrass, por "Capitão Phillips"
Steve McQueen, por "12 Anos de Escravidão"
Alexander Payne, por "Nebraska"
David O. Russell, "Trapaça"

MELHOR ATRIZ DRAMA
Cate Blanchett, por "Blue Jasmine"
Sandra Bullock, por "Gravidade"
Judi Dench, por "Philomena"
Emma Thompson, por "Walt nos Bastidores de Mary Poppins"
Kate Winslet, Labour Day

MELHOR ATOR COMÉDIA/MUSICAL
Christian Bale, por "Trapaça"
Bruce Dern, por "Nebraska"
Leonardo DiCaprio, por "O Lobo de Wall Street"
Oscar Isaac, por "Balada de um Homem Comum"
Joaquin Phoenix, por "Ela"

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Barkhad Abi, por "Capitão Phillips"
Daniel Brühl, por "Rush"
Bradley Cooper, por "Trapaça"
Michael Fassbender, por "12 Anos de Escravidão"
Jared Leto, por "Dallas Buyers Club"

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Sally Hawkins, "Blue Jasmine"
Jennifer Lawrence, por "Trapaça"
Lupita Nyong'o, por "12 Anos de Escravidão"
Julia Roberts - "Álbum de Família"
June Squibb, por "Nebraska"

MELHOR TRILHA
"All Is Lost"
"Mandela: Long Walk to Freedom"
"Gravidade"
"A Menina Que Roubava Livros"
"12 Anos de Escravidão"

MELHOR FILME ESTRANGEIRO
"The Wind Rises"
"Azul É a Cor Mais Quente"
"A Grande Beleza"
"The Past"
"A Caça"

MELHOR ROTEIRO
"12 Anos de Escravidão"
"Ela"
"Nebraska"
"Philomena"
"Trapaça"

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
"Please Mr. Kennedy", de "Balada de Um Homem Comum"
"Let It Go", de "Frozen"
"Atlas", de "Jogos Vorazes: Em Chamas"
"Ordinary Love", de "Mandela: Long Walk to Freedom"
"Sweeter Then Fiction" - "One Chance"

MELHOR ANIMAÇÃO
"Os Croods"
"Frozen - Uma Aventura Congelante"
"Meu Malvado Favorito 2"

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Como assistir filmes em 3D nos anos 80...

Cefas Carvalho
Dia desses, conversando on line com minha irmã, a mitológica Rosa Carvalho, sobre experiências cinematográficas, lembrei com humor que fui pioneiro em assistir filmes em 3D ainda nos anos 80.
Espere aí, tecnologia 3D em uma década que ainda assistíamos filmes em VHS nos velhos e bons (mas nem sempre) videocassetes? Explico.
Ano de 1989. Combino com um amigo roqueiro (guitarrista da banda Facínoras, que marcou época na Zona Sul do Rio de Janeiro sem ter feito sequer um show...) assistirmos a “Tommy” no Cineclube Cândido Mendes. Claro, já havia assistido meia dúzia de vezes a ópera-rock do The Who, mas na telinha na TV. Expectativa em ver o delírio de Ken Russel na tela grande. Chegamos no Centro cultural uma hora antes de começar o filme. “Que tal uma cerveja?”, propôs Breno. Rumamos para um boteco próximo. Contudo, separada a grana para as entradas, constatamos nosso liseu. Cerveja? Melhor não. Pensamos na boa, velha e barata cachaça, mas nem eu nem o amigo éramos chegados à “mardita”. Foi quando ele avistou numa prateleira uma garrafa de Campari. Barata a dose, forte o efeito. Não contamos conversa. Por falar em conversa, eis que conversa vai, conversa vem, entornamos cada um sete doses de Campari. E estava quase na hora de começar o filme.
Cinema quase vazio, apagam-se às luzes e percebo, então, que uma tonteira começa a se apossar de mim. De repente, sem trailler, sem aviso nenhum, começa o filme. Luzes, montagem rápida, um avião em chamas, uma guitarra ensandecida. “It´s a boy, Mrs. Walker, it´s a boy”, canta a enfermeira.
Logo depois, quando termina a cena em que Ann Margaret e Oliver Reed cantam “Christmas”, sinto a cabeça mais pesada e os olhos mais sensíveis à luz. “Acho que estamos um pouco bêbados”, comentou Breno. A partir daí, assisti o filme em terceira dimensão, o 3D. Em “Gypsy Queen” parecia que Tina Turner estava cantando na minha frente. E Elton John em “Pinball Wizzard”, que se abrisse os braços corria o risco de acertar meu rosto? Como confessar que tentei me proteger quando chove champanhe do aparelho de TV? Tudo 3D puro! Claro que na cena final também tentei escalar as montanhas, só que quando acenderam as luzes eu e Breno olhamos um para o outro espantados com a experiência que tivemos. E uma leve vontade de vomitar, claro.
Mas, vive experiência parecida dois anos depois, quando da estréia de “The Doors”, de Oliver Stone, no Cineclube Estação Botafogo. Iniciado que era na obra de Jim Morrison, estava na expectativa que o filme abordasse a relação do roqueiro com xamanismo e drogas. Tendo marcado com dois amigos que não apareciam (na época celulares não existiam, crianças), resolvi tomar umas cervejas no bar ao lado da bilheteria. Eis que três cervejas depois vendo o dinheiro escassear, venci meus pruridos e pedi uma dose de cana. Depois mais duas. E lá fui eu sozinho assistir ao filme.
Novamente, meio grogue na sala de exibição e vivendo meu 3D particular. Particularmente na cena em que Morrison está no palco e delira com índios dançando a sua volta, quase levantei da cadeira para invocar Mr. Mojo. No fim das contas, boas lembranças de
anos que não mais voltam. O único problema deste tipo de 3D era a ressaca no dia seguinte.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Natal terá mostra Cinema e Direitos Humanos de 5 a 10 no IFRN Cidade Alta

Natal receberá a oitava edição da Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul. Será de 5 a 10 deste mês, com sessões no campus IFRN da Cidade Alta. Com exibições em todas as capitais brasileiras, nossa proposta é utilizar a linguagem cinematográfica para estabelecer um diálogo direto com a população. Um contato que valorize a diversidade e garanta o respeito aos Direitos Humanos em todo o país. A Mostra foi lançada em dezembro de 2006 com a finalidade de celebrar o aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, sendo exibida em quatro cidades. Aos poucos foi sendo expandida e já chega a todas as capitais brasileiras e com um projeto itinerante que vai também para o interior do Brasil.
A Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul tem o importante papel de disseminar e fortalecer a educação e a cultura em Direitos Humanos, especialmente de forma a alcançar os setores historicamente excluídos ou com menos acesso a bens culturais. Nesse sentido, este ano inovamos com a realização do projeto Democratizando em mais de 500 locais de exibição espalhados pelo país – inclusive em cineclubes, pontos de cultura, institutos federais de educação profissional, científica e tecnológica, universidades, museus, bibliotecas, sindicatos, associações de bairros, telecentros, entre outros.
A 8ª Mostra Cinema e Direitos Humanos da América do Sul é uma realização da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República em parceria com o Ministério da Cultura. Tem produção da Universidade Federal Fluminense, patrocínio da Petrobrás e do BNDES, e recebe o apoio institucional da Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura, da Empresa Brasil de Comunicação e do Centro de Formação das Nações Unidas para o Brasil.
Para saber mais detalhes e a programação acesse www.sdh.gov.br/mostracinemaedireitoshumanos