quinta-feira, 28 de julho de 2011

Programação do Cinemark: Espaço de sobra para herói e bruxo, mas para cinema adulto...



Recebo, com regularidade britânica (e agradeço a gentileza), e-mails do Cinemark com a programação de cinema das salas do MIduei Mól, em Natal. Que os complexos de cinema situados em xópins são feitos quase que exclusivamente para o cinemão-pipoca, já me acostumei, tolo seria se não o fizesse e não recorresse à Sétima Arte (sim, a banca lá no Camelódromo, na Cidade Alta) e aos sites para baixar filmes. Mas, por vezes, não contenho certa surpresa e estupor. Como na manhã ensolarada desta quinta-feira dia 28, quando recebo (e espero continuar recebendo, viram) e-mail com a programação do Cinemark Natal de amanhã, sexta 29 de julho até a quinta 4 de agosto. Nenhuma surpresa com os filmes: a estréia de “Capitão América: O primeiro vingador” e o sucesso de “Harry Potter e as relíquias da morte – parte 2”. O que me surpreendeu foram os números e os excessos. “Capitão América” entra em cartaz em 3 salas diferentes e em 9 horários. O bruxo inglês está em 2 salas e em 10 horários. Temos comédias (descerebradas, claro) também: “Cilada.com” está em uma sala, mas em 7 horários e “Os pingüins do papai”, com Jim Carey, em uma sala em 4 horários.
Filmes adultos? Tem sim. “Reencontrando a felicidade”, título idiota de novela do SBT que a distribuidora brasileira garimpou para “Rabbit hole”, drama de John Cameron Mitchell (sim, de “Shortbus”) com Nicole Kidman, sobre morte de filho e casamento em crise. Em uma sala, em apenas um horário: 14h. Pano rápido...

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Clássico maior de Hitchcock na programação do Cineclube Natal nesta quarta

Para muita gente – incluindo este cinéfilo que aqui escreve – “Um corpo de cai” (ou o original e mais sensato “Vertigo” – vertigem) - é o melhor filme de Hitchcock. O que não é pouca coisa para um cineasta que realizou “Psicose”, “Rebecca”, “Festim diabólico” e “Pacto sinistro” entre muitos outros. Pois é esse clássico absoluto que o Cineclube Natal exibe hoje às 20h em Nalva Salão Café na programação “Loiras e morenas”. A loira em questão no filme de hoje é Kim Novak, atriz mediana, mas belíssima que pelo menos com Hitchcock funcionava. Por muitos motivos, vale a pena conferir “Vertigo”.

Sobre o filme: Um corpo que cai (Vertigo): Considerado por muitos a maior realização do diretor Alfred Hitchcock. Em São Francisco, James Stewart interpreta um detetive com medo de altura, contratado para seguir a esposa de um amigo (Novak) com tendências suicidas. Após resgatá-la de uma queda, ele se torna obcecado pela bela e atormentada mulher. Um dos mais arrepiantes romances do cinema, apresenta uma fascinante miríade de inusitados ângulos de câmera de algumas das mais renomadas paisagens de São Francisco.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Nunca houve mulher como Gilda


Hoje, terça dia 26, tem cinema de primeiríssima qualidade na programação do Cineclube Natal, em Nalva Salão Café (av. Duque de Caxias, Ribeira) às 20h. Trata-se da exibição de "Gilda", clássico do cinemão americano dos anos 40 com a musa Rita Hayward. Como alardeava a propaganda do filme, nunca houve mulher como Gilda. Quem vê a fita, descobre por quê. O filme está dentro da mostra "Loiras e morenas no Cinema", do Cineclube Natal e o ingresso custa simbólicos 2 reais.

Sobre o filme: Rita Hayworth cantando, de maneira sensualíssima, a canção "Put the blame on Mame" (Ponha a Culpa na Mame) ao tirar suas luvas num quase "strip tease". Ninguém discorda que essa cena é uma das mais memoráveis da história do cinema e o momento chave do clássico "Gilda". Dirigido com inegável elegância pelo húngaro Charles Vidor (1900-1959), o filme foi produto da safra de grandes filmes "noir" da década de quarenta. Porém, é impossível negar que Vidor não seja o responsável pelo grande encanto da obra, pois "Gilda" deve todo seu frescor à iluminada presença da diva Rita Hayworth.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Cineclube Natal inicia semana de filmes sobre loiras e morenas


Começa nesta segunda dia 25, em Natal, uma mostra de filmes inspirada na Mostra da Cinemateca Francesa em Paris "Brune/Blonde": uma exposição sobre o cabelo feminino no cinema. Organizada pelo Cineclube Natal em parceria com Nalva Melo Café Salão e pontuada por sete filmes escolhidos por sua importância estética, a exposição tem como foco principal o cinema e suas atrizes míticas: morenas ou loiras – sem se esquecer das ruivas –, de cabelos longos ou curtos, com penteados que marcaram épocas.
Cabelos curtos ou longos, recatados ou sensuais. O cinema e seus cineastas engajados em uma forma de expressão do corpo: a representação da cabeleira feminina, que nesse caso está intimamente ligada ao desejo, à sexualidade, à paixão e ao amor. Como muito bem explicitado pelo coque em espiral usado por Kim Novak em Um corpo que cai (um dos filmes escolhidos) de Alfred Hitchcock, reproduzido mais de 30 anos depois por David Lynch em A Estrada Perdida.
A mostra colocará em foco o cinema clássico e o cinema independente, o cinema de ontem (com Charles Vidor e Alfred Hitchcock) e o cinema de hoje (com Patrice Leconte e Alejandro Amenábar). É possível conhecer mais sobre a historia do cinema e as representações dos cabelos femininos ao longo dos tempos, como por exemplo a evolução, no cinema hollywoodiano, da loira – relegada, até os anos 30 aos papéis de esposa fiel, antes de se tornar, na década seguinte, sinônimo de mulher sedutora.
Com uma grande profusão de imagens em movimento, a exposição também valoriza a influência do imaginário cinematográfico na sociedade. Os cineastas, grandes criadores de ícones, moldam as atrizes e inventam estilos que influenciam a moda de gerações inteiras. Os cabelos curtos nos anos 20 (Louise Brooks), os cabelos platinados dos anos 30 (Jean Harlow), as tinturas ruivas extravagantes dos anos 40 (Rita Hayworth), os cabelos longos e soltos dos anos 50 a la Brigitte Bardot, os cortes andróginos dos anos 60, a loirice soberana de Catherine Deneuve ou as provocações da cabeleira latina de Penélope Cruz.
A seguir, uma lista com as sinopses dos filmes que serão exibidos entre os dias 25 e 31 de julho, sempre a partir das 20h, em Nalva Melo Café Salão.
Segunda-feira (25/07) - Diário de uma garota perdida (Tagebuch einer verlorenen): Thymian (Louise Brooks), é uma jovem e bela garota, que literalmente não vive um "conto de fadas". Sua governanta, Elizabeth, é despedida grávida, e logo depois encontrada morta por afogamento. No mesmo dia que soube da tragédia, seu pai contrata uma nova governanta, Meta. Meinert, um farmacêutico oportunista engravida Thymian. Quando ela recusa o casamento, o bebê é afastado e Thymian é colocada em um rígido reformatório para meninas. A partir destes fatos, sua vida se transforma num pesadelo sem fim, com muitas reviravoltas, entre garota de bordel a uma respeitada Condessa. Diário de uma Garota Perdida é o segundo e último trabalho de uma das melhores parcerias atriz/diretor já criadas no cinema: G. W. Pabst e Louise Brooks. Juntamente com A Caixa de Pandora (1928), Diário confirmou a genialidade de Pabst, como um dos maiores cineastas do período silencioso, e estabeleceu Brooks como uma atriz brilhante e de uma sensibilidade nunca vista até então.

Terça-feira (26/07) - Gilda (idem): Rita Hayworth cantando, de maneira sensualíssima, a canção "Put the blame on Mame" (Ponha a Culpa na Mame) ao tirar suas luvas num quase "strip tease". Ninguém discorda que essa cena é uma das mais memoráveis da história do cinema e o momento chave do clássico "Gilda". Dirigido com inegável elegância pelo húngaro Charles Vidor (1900-1959), o filme foi produto da safra de grandes filmes "noir" da década de quarenta. Porém, é impossível negar que Vidor não seja o responsável pelo grande encanto da obra, pois "Gilda" deve todo seu frescor à iluminada presença da diva Rita Hayworth.

Quarta-feira (27/07) - Um corpo que cai (Vertigo): Considerado por muitos a maior realização do diretor Alfred Hitchcock. Em São Francisco, James Stewart interpreta um detetive com medo de altura, contratado para seguir a esposa de um amigo (Novak) com tendências suicidas. Após resgatá-la de uma queda, ele se torna obcecado pela bela e atormentada mulher. Um dos mais arrepiantes romances do cinema, apresenta uma fascinante miríade de inusitados ângulos de câmera de algumas das mais renomadas paisagens de São Francisco.

Quinta-feira (28/07) – O desprezo (Le mépris): O Desprezo conta a história da crise de um casal em uma viagem à Itália que acaba mal. Camille (Brigitte Bardot) tem a impressão de que seu marido não a ama mais. Paul Javal, seu marido, é um roteirista que, para garantir o conforto da esposa e evitar o rompimento da relação, aceita escrever uma nova adaptação da obra grega A Odisséia para o cinema. Primeiro, nascem a dúvida e o desprezo de Camille e depois vem a incompreensão e a raiva de Paul. Diferente do livro de Homero, não é Ulisses que vai embora e abandona a amada Penélope.

Sexta-feira (29/07) – O bebê de Rosemary (Rosemary´s baby): Adaptação do romance best seller de Ira Levin, conta a história de um adorável casal novaiorquino que espera seu primeiro filho. Como a maioria das mulheres que são mães pela primeira vez, Rosemary (Mia Farrow) está confusa e receosa. Seu marido (John Cassavetes), um ambicioso mas malsucedido ator, faz um pacto com o demônio pela promessa de vencer na carreira. O diretor Roman Polanski consegue extraordinárias interpretações de todo o elenco de astros. Ruth Gordon ganhou um Oscar por seu papel, como uma super-solícita vizinha, neste clássico do suspense.

Sábado (30/07) – O marido da cabeleireira (Le mari de la coiffeuse): Antoine (Jean Rochefort) é um homem de meia-idade, com alma de criança e obsessão desde a infância por cabeleireiras. Certo dia encontra a mulher de seus sonhos, a maravilhosa Mathilde (Anna Galiena). O filme tem toques de drama, comédia e poesia, com refinado erotismo. Lembranças da infância, a descoberta da sexualidade, o amor, a velhice e a morte. Essa é a linha da vida e de temas abordados com lirismo e lubricidade no filme de Patrice Leconte. Com uma estética que lembra os países árabes colonizados pelos franceses, no norte da África, Leconte conta uma história fantástica e sedutora. A fluidez e o ritmo da narrativa também são responsáveis pelo fascínio causado pelo filme. Fugindo ao estilo hermético comum na cinematografia francesa, o filme apresenta humor refinado, mas ao mesmo tempo fala de questões relevantes em relação ao amor, ao medo de envelhecer e à morte, sem perder de vista o devaneio e a frugalidade. Para quem acredita que o cinema europeu é feito apenas de choro e angústia, O Marido da Cabeleireira é a prova cabal de sua imensa diversidade.

Domingo (31/07) – Abra os olhos (Abra los Ojos): César (Eduardo Noriega) tinha tudo a seu favor - encantador, rico e incrivelmente belo. Mas, por vezes, as aparências iludem. Na noite do seu 25º aniversário, César conhece Sofia (Penélope Cruz), e pela primeira vez pensa ter encontrado a mulher ideal. Mas depois de deixar Sofia, César é abordado por Nuria (Najwa Nimri), a namorada que abandonou na véspera. Perturbada pela forma como fora tratada, Nuria lhe pede outra oportunidade, implorando que a deixe entrar no carro. Um erro que lhe vai ser fatal, já que com a fúria dos ciúmes, Nuria atira o carro para fora da estrada, matando-se e desfigurando o antes lindíssimo César. Depois do acidente, fantasia e realidade começam a se misturar. César acorda numa prisão psiquiátrica, onde é julgado por uma morte de que não se lembra. Se ele se lembra de terem tratado de seu rosto, porque razão ainda usa uma máscara? Se Nuria morreu no acidente, como é que voltou a ter vida? Se Sofia era o seu verdadeiro amor, porque é que a matou? César vive um sonho ou será que ficou louco?

quarta-feira, 13 de julho de 2011

“Jules e Jim”: Obra prima de Truffaut melhora a cada ano que passa



De dez em dez anos revejo “Jules e Jim” (esqueça o infeliz título brasileiro “Uma mulher para dois”), obra maior de Francois Truffaut, que faz frente a “Os inconpreendidos” e “A noite americana”. A verdade é que a cada audição, o filme fica melhor. Na chuvosa noite natalense da terça 12 de julho, “Jules e Jim” me pareceu ainda mais intenso e poético, Jeanne Morreau ainda mais linda e a amizade dos protagonistas ainda mais leal. Há pouco o que se dizer de novo sobre o filme, supra resenhado e comentado que foi. Já se falou quase tudo sobre sua narrativa ágil, sobre sua amoralidade quase inocente, sobre a poesia em cada fotograma. Há quem ache que o filme verse sobre um triângulo amoroso. Na verdade, o filme fala sobre amizade, em sua potência máxima. Uma amizade que resiste ao tempo, a uma guerra mundial e até mesmo a uma mulher como Catherine. Deveria ser obrigatório para cada ser humano assistir a “Jules et Jim” pelo menos uma vez na vida. Ah, segue acima a cena em que a musa Jeanne Morreau canta “La tourbillon”. E a foto acima, do trio correndo em uma plataforma de trem, é de uma cena que tornou-se há muito um ícone cinematográfico, tendo sido citada e homenageada em diversos filmes como “Os sonhadores” e “Canções de amor”.