sexta-feira, 29 de abril de 2011

Lars Von Trier: Gênio (ou picareta?) prepara retorno com “Melancolia”


 Assim como David Lynch, Cronnenberg e os irmãos Coen, Miike, Pasolini, entre outros o dinamarquês Lars Von Trier divide os cinéfilos. Para uns, é um gênio. Para outros, quase sempre um picareta. Não sou de ficar em cima do muro, muito menos em assuntos cinematográficos, mas confesso que tenho meus altos e baixos com Von Trier. Meu primeiro contato com o cidadão foi no início dos anos 90, quando “Europa” era sensação nos cineclubes. Depois gostei muito de “Ondas do destino”, filme depressivo e estarnho, com Emily Watson em interpretação espetacular. Em seguida veio o golpe publicitário do Dogma 95, aquele papo-cabeça de fazer filmes quase documentais sem trilha, com câmera na mão etc. Daí “Os idiotas”, filme apenas mediano, mas a publicidade do Dogma projetou o nome de Von Trier, que quebrou o próprio movimento com “Dançarina no escuro”, que adorei (apesar – ou por causa – dos excessos e de Bjork). Também fui conquistado por “Dogville” e sua esperteza da marcação no chão, e depois achei “Manderlay” fraco. Aí veio “Anticristo”, que um lado meu gostou e outro não conseguiu entender o que Trier quis dizer (nem engoliu aquela raposa dizendo que “O caos reina”). Mas, o prólogo e o epílogo do “Anticristo” são das melhores coisas já filmadas na história do cinema. Agora, o dinamarquês se prepara para mais um Festival de Cannes – onde já foi aplaudido de pé e vaiado – com “Melancolia”, que parece um drama, mas talvez seja uma ficção-científica, ou talvez nada disso, com o homem nunca se sabe. Pelo trailler, acho que vou gostar. Ou não, como diria Caetano.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Cine Assembléia exibe hoje clássico de Truffaut para alunos da rede pública e cinéfilos

Cinema, temas polêmicos e debate. Essa será a receita para os alunos da Escola Estadual Régulo Tinôco na noite desta quinta feira (28). O Cineclube Natal, em parceria com a Assembleia Legislativa, promove a segunda sessão do Cine Assembleia, ocasião em que os alunos de uma escola da rede pública são convidados a irem à Assembleia Legislativa para assistirem a um filme de conteúdo moral relacionado a escolas e, em seguida, fazem uma discussão a fim de trocarem impressões acerca da produção. A Assembleia encarrega-se do transporte dos alunos. A sessão é aberta a todos.

O projeto, que tem como objetivos o incentivo à cultura no meio escolar e a formação de público para gêneros de filmes diferenciados, não é exclusivo para os alunos das escolas convidadas. Toda a comunidade que tenha disponibil idade de comparecer à Assembleia Legislativa, às 18h, nas últimas quintas-feiras de cada mês pode assistir aos filmes e participar das discussões realizadas acerca das produções exibidas.

Para Nelson Marques, vice-presidente da instituição, a discussão é a essência do cineclubismo. “O que nós fazemos é formação de público, não é uma sessão de cinema pura e simples. É necessário aprender a como ver um filme”, explica.

O  filme a ser discutido será o também francês “Os incompreendidos” (1959), do diretor François Truffaut, que narra o difícil e perigoso caminho percorrido pela personagem principal, Antoine Doinel, ao sair de casa, já que seus pais pareciam não se importar realmente com ele, e abandonar a escola, uma vez que aquele não era mesmo o seu ambiente preferido.

A entrada é franca, a pipoca é por conta da casa e o filme vale à pena ser assistido!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

"Bela adormecida": Filme australiano esquece conto de fadas para debater prostituição e sexualidade


Quando foi divulgada a relação dos filmes que disputarão o Festival de Cannes deste ano, me detive nos novos Almodóvar, Miike, Von Trier e Moretti e passei desapercebido pelos outros longas. Graças à indicação e a um post da amiga jornalista Andressa Vieira, que tem o ótimo blog http://alicesuburbana.blogspot.com/ prestei a devida atenção ao filme australiano “A bela adormecida”. Nada de conto de fadas. O filme, dirigido por Julia Leigh e produzido por Jane Campion (de “O Piano”) versa sobre prostituição e sexualidade. Parece ter chances de causar frisson em Cannes. A conferir.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Takashi Miike: O cineasta da mutilação e da dor


Adoro diretores com mentes (e almas) com um pé (ou os dois) em distúrbios e patologias. Nesta seleta lista,  gente respeitável como David Lynch, Pasolini, Haneke e nem tão respeitável assim como John Waters.
Mas, a verdade é que nenhum dos senhores citados acima tem a mente tão doente como o japonês Takashi Miike. Prolífico (realizou mais de 50 filmes!), não-intelectualizado, direto, o sujeito faz filmes de todos os gêneros, em comum entre eles só a bizarrice e o gosto pelo chocante. Assistir seus filmes é mergulhar em um mundo sem fim de mutilações, humilhação e dor.
O primeiro que assisti do cidadão foi “Ichi, o assassino”, que apesar de violento e brutal é fichinha perto da violência (física e psicológica) de “Visitor Q” e “Audição”, que assisti recentemente.
Minha irmã Rosa Carvalho, cinéfila das melhores e iniciada nos violentos filmes asiáticos, me informou que Miike tem um filme que é tipo “a noviça rebelde com zumbis”: The Happiness of the Katakuris.  Já estou tentando baixá-lo. Aos que se atreverem a vasculhar a obra do nipônico, um aperitivo (indigesto para muitos) acima com o trailler de “Ichi”. 

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Confira a lista completa dos filmes do festival de Cannes 2011


Competição oficial
"La Piel que Habito", de Pedro Almodovar (Espanha)
"L'Apollonide - Souvenirs de la Maison close", de Bertrand Bonello (França)
"Pater", de Alain Cavalier (França)
"Footnote", de Joseph Cedar (Israel)
"Once Upon a Time in Anatolia", de Nuri Bilge Ceylan (Turquia)
"Le gamin au vélo", de Jean-Pierre e Luc Dardenne (Bélgica)
"Le Havre", de Aki Kaurismäki (Finlândia)
"Hanezu No Tsuki", de Naomi Kawase (Japão)
"Sleeping Beauty", de Julia Leigh (Austrália)
"Polisse", Maïwenn (França)
"A Árvore da Vida", de Terrence Malick (EUA)
"La Source des Femmes", de Radu Mihaileanu (Romênia)
"Hara-kiri: Death of a Samurai", de Takashi Miike (Japão, 3D)
"Habemus Papam", de Nanni Moretti (Itália) - foto
"Precisamos Falar sobre o Kevin", de Lynne Ramsay (Grã-Bretanha)
"Michael", de Markus Schleinzer (Áustria). Primeiro filme
"This Must Be the Place", de Paolo Sorrentino (Itália)
"Melancolia", de Lars Von Trier (Dinamarca)
"Drive", de Nicolas Winding Refn (cineasta dinamarquês, produção dos EUA)


Fora de competição
"Meia-Noite em Paris", de Woody Allen (EUA), filme de abertura
"La Conquête", de Xavier Durringer (França)
"Um Novo Despertar", de Jodie Foster (EUA)
"The Artist", de Michel Hazanavicius (França)
"Piratas do Caribe - Navegando em Águas Misteriosas", de Rob Marshall (EUA, 3D)


Mostra Um Certo Olhar
"Restless", de Gus Van Sant (EUA)
"The Hunter", de Bakur Bakuradze (Rússia)
"Halt auf Freier strecke", d'Andreas Dresen (Alemanha)
"Hors Satan", de Bruno Dumont (França)
"Martha Marcy May Marlene", de Sean Durkin (EUA)
"Les neiges du Kilimandjaro", de Robert Guédiguian (França)
"Skoonheid", d'Oliver Hermanus (África do Sul)
"The Day He Arrives", de Hong Sangsoo (Coreia do Sul)
"Bonsaï", de Cristian Jimenez (Chile)
"Tatsumi", de Eric Khoo (Cingapura, animação)
"Arirang", de Kim Ki-duk (Coreia do Sul)
"Et maintenant on va où?", de Nadine Labaki (Líbano)
"Loverboy", de Catalin Mitulescu (Romênia)
"Yellow Sea", de Na Hong-jin (Coreia do Sul)
"Miss Bala", de Gerardo Naranjo (México)
"Trabalhar Cansa", de Juliana Rojas e Marco Dutra (Brasil)
"L'Exercice de l'Etat", de Pierre Schoeller (França)
"Toomelah", de Ivan Sen (Austrália)
"Oslo, 31 août", de Joachim Trier (Noruega)

Cannes 2011 terá novos filmes de Almodóvar, Moretti, Von Trier e Miike


Ig (com informações da EFE)

O cineasta espanhol Pedro Almodóvar concorrerá à Palma de Ouro na 64ª edição do Festival de Cannes, entre os dias 11 e 22 de maio próximos, junto a nomes como Lars von Trier, Nanni Moretti, Terrence Malick e Paolo Sorrentino, anunciaram nesta quinta-feira os organizadores.

O filme "A Pele que Habito" do diretor espanhol é um dos 19 concorrentes deste ano, explicou o diretor do Festival, Thierry Frémaux, reconhecendo que a inclusão de Almodóvar ocorreu de "última hora".

O diretor espanhol viu finalmente incluído seu filme junto com os de outra seleção de diretores, veteranos e jovens cineastas que apresentam inclusive sua primeira obra.

Almodóvar volta ao festival acompanhado de outros cineastas consagrados, alguns deles "frequentes" de Cannes, como Lars von Trier, Nanni Moretti e Aki Kaurismäki.

O dinamarquês Von Trier apresentará "Melancholia", Moretti levará a Cannes seu filme "Habemus papam" e Kaurismäki estreará no festival seu filme "Le Havre", rodado na França.

Os organizadores do Festival de Cannes anunciaram que uma das atrizes "preferidas" de Almodóvar, Penélope Cruz, também estará neste ano na Croisettte, com "Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas", que será exibido fora da competição.

Este ano Cannes será aberto com o filme de Woody Allen "Midnight in Paris", embora não esteja competindo.

Além dos mencionados, competirão os irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne, com "Le Gamin au Vélo", Terrence Malick, com "The Tree of Life" e Julia Leigh, com "Sleeping Beauty".

Completam a lista Bertrand Bonello ("L'apollonide-Souvenirs de la Maison Close"); Alain Cavalier ("Pater"); Joseph Cedar, com "Bir Zamanlar Anadolu'da"; Naomi Kawase ("Hanezu no tsuki") e Maïwenn, com seu filme "Polisse".

Os outros filmes são: "La Source des Femmes", de Radu Mihaileanu; "Ishimei", de Takashi Miike; "We Need to Talk About Kevin", de Lynne Ramsay; "Micael", realizado por Markus Schleinzer; "This Must be the Place", de Paolo Sorrentino e "Drive", dirigido por Nicolas Winding Refn.

Nota do blogueiro: Festival de Cannes com Almodóvar, Von Trier, Moretti e mais Mallick e Miike?! Adepto fanático do “não vi e já gostei”, vou esperar pacientemente os novos filmes destes cineastas chegarem por aí ou baixá-los assim que possível...

quarta-feira, 13 de abril de 2011

"La Bastille", do filme "Canções de amor"

Há uns dias e uns posts atrás, escrevi sobre os "olhos de ressaca" da atriz francesa Ludvine Sagnier. Alguns amigos se mostraram curiosos em relação a bela atriz e aos filmes citados na crônica. Para satisfazer esta curiosidade, posto uma das mais belas canções do filme "Canções de amor", "La Bastille" em que boa parte do elenco - inclusive Julie, vivida por Ludvine - canta a belíssima música do Alex Beaupin, que versa sobre chuva, relações humanas e familia, tendo como elo de ligação a estátua do cupido da Praça da Bastilha, onde mora a família citada. Curiosidade: Segurando o guarda chuva, está a atriz Chiara Mastroanni, filha de Marcelo Mastroianni (de quem é a cara) e Catherine Deneuve. Curiosidade a mais: Deneuve canta no filme "os guarda chuvas do amor", que é visivelmente citado e homenageado neste "Canções de amor".

Blog O Falcão Maltês é elogiado na Folha de S. Paulo

Com o título “Estrelas de Hollywood”, o jornalista da Folha de S. Paulo, Marcelo Coelho,  publicou na sua coluna “Cultura e Crítica” nota sobre o blog “O Falcão Maltês”, editado pelo jornalista e escritor Antonio Nahud Jr, amigo deste blog e deste blogueiro-cinéfilo. Confira o ótimo blog cinematográfico em http://www.ofalcaomaltes.blogspot.com/

terça-feira, 12 de abril de 2011

El Club Silêncio, David Lynch e a emoção da manipulação


Não é segredo para ninguém que lê minhas escrevinhações que meu cineasta favorito é David Lynch (Bergman é deus, hours concours). Muito já se falou dele, inclusive o nome deste blog é uma homenagem à obra clima do cidadão, e o primeiro post do blog é um artigo sobre “Blue velvet”. O filme, aliás, tem três cenas que considero antológicas: Isabella Rosselini na boate cantando a música título; Dean Stockwell travestido dublando “In dreams” do mestre Roy Orbison e a cena final, com a felicidade fake das pessoas ao som de “Mysteries of love” (letra do prórpio Lynch) cantada por Julee Cruise.
Mas a cena de Lynch que mais me impressiona está em “Mullholand drive” (vamos esquecer o título nacional “Cidade dos sonhos”, por favor!). Aquela quando Naomi Watts e Laura Elena Harring vão ao Club Silêncio. Lá, um mestre de cerimônias insano explica aos espectadores (do club e do próprio filme) o mecanismo de manipular emoções (“Não há banda, é tudo gravação!”). Tenho a idéia de escrever uma crônica sobre esta cena e a questão da manipulação de que a arte é capaz. E, mesmo todos avisados sobre isso, acabamos nos emocionando com Rebekah Del Rio, “la llorosa de Los Angeles”, como diz o apresentador. No mais, uma versão em espanhol para “Crying” de Roy Orbinson só não emocionaria um paralelepípedo. Eis a citada cena.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Trailler de "Io sono l´amore"

Há muitos filmes que eu não vi, mas, sei que vou gostar. Por intuição, por afinidade com os envolvidos no filme, por histórico dos mesmos. Quase sempre acerto. Ainda não vi, mas estou louco para assistir "Io sono l´amore", filme italiano que concorreu ao Globo de Ouro e ao Bafta de filme estrangeiro. Segue o trailler do drama.Ah, e me recurso a adotar o titulo do filme em português: "Um sonho de amor" (nome de comédia com Sandra Bullock ou Richard Gere) não de drama italiano.

Como assistir filmes em 3D nos anos 80

Cefas Carvalho

Dia desses, conversando on line com minha irmã, a mitológica Rosa Carvalho, sobre experiências cinematográficas, lembrei com humor que fui pioneiro em assistir filmes em 3D ainda nos anos 80.
Espere aí, tecnologia 3D em uma década que ainda assistíamos filmes em VHS nos velhos e bons (mas nem sempre) videocassetes? Explico.
Ano de 1989. Combino com um amigo roqueiro (guitarrista da banda Facínoras, que marcou época na Zona Sul do Rio de Janeiro sem ter feito sequer um show...) assistirmos a “Tommy” no Cineclube Cândido Mendes. Claro, já havia assistido meia dúzia de vezes a ópera-rock do The Who, mas na telinha na TV. Expectativa em ver o delírio de Ken Russel na tela grande. Chegamos no Centro cultural uma hora antes de começar o filme. “Que tal uma cerveja?”, propôs Breno. Rumamos para um boteco próximo. Contudo, separada a grana para as entradas, constatamos nosso liseu. Cerveja? Melhor não. Pensamos na boa, velha e barata cachaça, mas nem eu nem o amigo éramos chegados à “mardita”. Foi quando ele avistou numa prateleira uma garrafa de Campari. Barata a dose, forte o efeito. Não contamos conversa. Por falar em conversa, eis que conversa vai, conversa vem, entornamos cada um sete doses de Campari. E estava quase na hora de começar o filme.
Cinema quase vazio, apagam-se às luzes e percebo, então, que uma tonteira começa a se apossar de mim. De repente, sem trailler, sem aviso nenhum, começa o filme. Luzes, montagem rápida, um avião em chamas, uma guitarra ensandecida. “It´s a boy, Mrs. Walker, it´s a boy”, canta a enfermeira.
Logo depois, quando termina a cena em que Ann Margaret e Oliver Reed cantam “Christmas”, sinto a cabeça mais pesada e os olhos mais sensíveis à luz. “Acho que estamos um pouco bêbados”, comentou Breno. A partir daí, assisti o filme em terceira dimensão, o 3D. Em “Gypsy Queen” parecia que Tina Turner estava cantando na minha frente. E Elton John em “Pinball Wizzard”, que se abrisse os braços corria o risco de acertar meu rosto? Como confessar que tentei me proteger quando chove champanhe do aparelho de TV? Tudo 3D puro! Claro que na cena final também tentei escalar as montanhas, só que quando acenderam as luzes eu e Breno olhamos um para o outro espantados com a experiência que tivemos. E uma leve vontade de vomitar, claro.
Mas, vive experiência parecida dois anos depois, quando da estréia de “The Doors”, de Oliver Stone, no Cineclube Estação Botafogo. Iniciado que era na obra de Jim Morrison, estava na expectativa que o filme abordasse a relação do roqueiro com xamanismo e drogas. Tendo marcado com dois amigos que não apareciam (na época celulares não existiam, crianças), resolvi tomar umas cervejas no bar ao lado da bilheteria. Eis que três cervejas depois vendo o dinheiro escassear, venci meus pruridos e pedi uma dose de cana. Depois mais duas. E lá fui eu sozinho assistir ao filme.
Novamente, meio grogue na sala de exibição e vivendo meu 3D particular. Particularmente na cena em que Morrison está no palco e delira com índios dançando á sua volta, quase levantei da cadeira para invocar Mr. Mojo. No fim das contas, boas lembranças de anos que não mais voltam. O único problema deste tipo de 3D era a ressaca no dia seguinte.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Nem só de Pokemons e Disney vive a animação

Cefas Carvalho

É certo que a Pixar lança animações fantásticas (“Toy Story” e “Procurando Nemo” são meus favoritos) e que de vez em quando um grande estúdio acerta a mão em animações que agradam crianças e não envergonham o cérebro dos adultos que os têm (“Shrek”, claro). Mas, a verdade é que, assim como venho fazendo em relação a filmes há uns bons anos, também em relação a animações venho me afastando dos habituais mega-lançamentos dos estúdios americanos e iniciei um “garimpo” a coisas mais originais, autênticas e, sobretudo, de mais qualidade.
Meus filhos, Pedro (adolescente de 14 anos que ainda adora animação) e Ananda, de 8, vem aprovando minha nova mania cinéfila. E o garimpo vem sendo produtivo e nem tão difícil quanto se poderia esperar. Jóias como “As bicicletas de Belleville” e “Wallace e Gromitt” ganharam fama e prêmios. Uma glória foi descobrir Mizao Miyazaki (de “A viagem de Chiriro” e “O castelo animado”), já idolatrado pelos meus filhos, de quem achei o fantástico “Porco Rosso”, dos anos 80.
Recentemente duas animações recentes me encantaram: “Persepolis” e “Mary & Max”. O primeiro, premiado em Cannes e indicado ao Oscar, trata-se de uma animação francesa basicamente em preto e branco. É a história autobiográfica de Marjane Satrapi, menina iraniana que cresce durante a Revolução Islâmica. A animação fala sobre política, amadurecimento, família e religião. Como a menina Marjane, hiperativa, falante e esperta, lembra minha princesa Ananda, “Persepolis” ainda ganhou pontos comigo.
Já “Mary & Max”, animação australiana á moda antiga, é uma pérola. Estranho, adulto e inquietante, ele fala sobre a amizade à distância de uma menina de 10 anos e um senhor de 44. Ambos solitários e com vidas não convencionais.
O próxima pepita a ser garimpada é “O segredo dos Kells”, animação irlandesa que concorreu ao Oscar e fala sobre mitos celtas. “Madagascar 3 ou 4”, desenhos japoneses ultra-violentos e os xaropes musicais da Disney? Por ora, não, obrigado!