quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O cinemão francês velho de guerra de Philipe Garrel



Cefas Carvalho

Devoto do cinema francês, até duas semanas atrás, não havia assistido nenhum filme de Philippe Garrel. Cineasta de 64 anos, com 25 filmes na bagagem, acaba sendo mais conhecido como o pai de Louis Garrel, esse sim, astro em ascenção, com quem já vi muitos filmes, queridinho que ele é de Christophe Honoré (fez 5 os 7 filmes do diretor) e que deu um show em Os sonhadores, de Bertolucci.
Bem, o fato é que nos últimos 15 dias acabei assistindo a dois filmes de Garrel pai: Fronteira da alvorada e Os amantes constantes. Ambos são daquela linha de filmes franceses “cabeça”, lentos, ambiciosos e esnobes. Particularmente, eu adoro. Mas, consciente que muitos cinéfilos tem horror deste tipo de cinema, aconselho a passarem longe dos filmes de Garrel (e também dos de Godard, Rohmer, Chabrol etc).
Vamos a Fronteira da alvorada. A trama é simples, como nos bons filmes franceses: uma atriz de sucesso se envolve com um jovem fotógrafo (Louis Garrel, claro) e a paixão se transforma em algo obsessivo quen pode levá-la à loucura. Mulheres depressivas são uma constante no cinema francês (Betty Blue, A professora de piano, muita coisa de Chabrol, Camile Claudel) e aqui o tema é tratado com lirismo e certo distanciamento. A fotografia em preto e branco e a trilha basicamente com piano e violino fazem o filme ainda mais deprê. Contudo, o trunfo da película se chama Laura Smet. A filha da fantástica Natalie Baye, de Uma relação pornográfica, e do roqueiro Johnny Halliday dá um show de interpretação e beleza, parecendo mais madura que os 25 anos que tinha quando protagonizou.
O outro filme, Os amantes conatantes, conta com a mesma fotografia em p&b, o mesmo Louis Garrel e o tema de amor e juventude. O binômio subversão (trata-se dos anos 60)-romance funciona e quem estrela o filme aqui é a lindíssima e suave Clotilde Hesme (a Alice de Canções de amor). Longo, o filme é cansativo por vezes, mas nada que comprometa a satisfação final. Agora é garimpar o restante da obra de Philipe Garrel.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Ao mestre, com carinho


Filho de uma professora de português, casado com uma professora de Biologia e com dezenas de amigos e amigas professores(as), não poderia me furtar a celebrar o Dia do Professor - não obstante a má remuneração e às limitaçôes impostas a eles - neste blog. Celebrando com a cena final do filme Ao mestre com carinho, estrelado por Sydney Poitier, que narra a luta de um professor para educar alunos rebeldes, que, por fim, reconhecem a grandeza e a boa vontade do mestre. Na cena, Lula canta o agora clássico To sir, with love.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Oscar 2013: Academia divulga os 71 pré-candidatos a Melhor Filme Estrangeiro

Cefas Carvalho

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood divulgou os 71 pré-candidatos ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, incluindo o brasileiro O Palhaço, de Selton Mello. A lista tem coisas insólitas (filmes da Groelândia e do Quênia!), filmes premiados (os vencedores de Berlim, Cannes e Veneza) e películas de diretores consagrados. Como o leitor sabe que este blogueiro não fica em cima do muro nem sob tortura, aproveito a deixa para eleger meus 5 favoritos no melhor estilo "não vi e já gostei" que me cacarteriza e que vem me dando bons resultados ao longo dos anos cinéfilos. Acho improvável que os filmes de Kim Ki Duk, irmãos Taviani e Haneke não sejam muito bons. Sou fã do romeno Mungiu, que agora fez um filme sobre exorcismo premiado em Cannes e gostei muito de "Os intocáveis", um dos 2 únicos filmes dos 71 que assisti (o outro foi "O palhaço", que gostei muito. Mas, para desepero dos Pachecos patriotas, tudo indica que o Oscar brasileiro fica para outra vez). Segue a lista completa dos pré-indicados e em negrito minhas 5 apostas.

Afeganistão - The Patience Stone, de Atiq Rahimi;
Albânia - Pharmakon, de Joni Shanaj;
Alemanha - Barbara, de Christian Petzold;
Argélia - Zabana!, de Said Ould Khelifa;
Argentina - Infância Clandestina, de Benjamín Ávila;
Armênia - If Only Everyone, de Natalia Belyauskene;
Australia - Lore, de Cate Shortland;
Áustria - Amour, de Michael Haneke; - Vencedor da Palma de Ouro de Cannes
Azerbaijão - Buta, de Ilgar Najaf;
Bangladesh -Ghetu Putra Kamola, de Humayun Ahmed;
Bélgica -À perdre la raison, de Joachim Lafosse;
Bósnia e Herzegovina - Djeca, de Aida Begic;
Brasil - O Palhaço, de Selton Melo;
Bulgária - Kecove, de Valeri Yordanov e Ivan Vladimirov;
Camboja - Lost Loves, de Chhay Bora;
Canadá - Rebelle, de Kim Nguyen;
Chile - No, de Pablo Larraín;
China - Caught in the Web, de Chen Kaige;
Colômbia - El cartel de los sapos, de Carlos Moreno;
Croácia - Ljudozder vegetarijanac, de Branko Schmidt;
República Checa - Ve stínu, de David Ondrícek;
Dinamarca - En kongelig affære, de Nikolaj Arcel;
República Dominicana - Jaque Mate, de José María Cabral;
Estônia - Seenelkäik, de Toomas Hussar;
Finlândia - Puhdistus, de Antti J. Jokinen;
França - Intocáveis, de Olivier Nakache e Eric Toledano;
Géorgia - Keep Smiling, de Rusudan Chkonia;
Grécia- Adikos kosmos, de Filippos Tsitos;
Groenlândia -Inuk, de Mike Magidson;
Hong Kong - Dyut meng gam, de Johnnie To;
Hungria - Csak a szél, de Benedek Fliegauf;
Islândia - Djúpið, de Baltasar Kormákur;
Índia - Barfi!, de Anurag Basu;
Indonésia - Sang Penari, de Ifa Isfansyah;
Israel - Lemale et ha'halal, de Rama Burshtein;
Itália - César Deve Morrer, de Paolo Taviani e Vittorio Taviani; - Vencedor do Urso de Ouro do Festival de Berlim
Japão - Kazoku no kuni, de Yang Yong-Hi;
Cazaquistão - Warriors of the Steppe, de Akan Satayev;
Quênia - Nairobi Half Life, de David 'Tosh' Gitonga;
Quirguistão - The Empty Home, de Nurbek Egen;
Letônia - Golfstrim pod aysbergom, de Yevgeny Pashkevich;
Lituânia - Ramin, de Audrius Stonys;
Macedônia - Treto poluvreme, de Darko Mitrevski;
Malásia - Bunohan, de Dain Iskandar Said;
México - Después de Lucía, de Michel Franco;
Marrocos - Death for Sale, de Faouzi Bensaïdi;
Holanda - Kauwboy, de Boudewijn Koole;
Noruega - Kon-Tiki, de Joachim Rønning e Espen Sandberg;
Palestina - When I Saw You, de Annemarie Jacir;
Peru - Las malas intenciones, de Rosario García-Montero;
Filipinas - Bwakaw, de Jun Robles Lana;
Polônia - 80 milionów, de Waldemar Krzyste;
Portugal - Sangue do Meu Sangue, de João Canijo;
Romênia - Dupa dealuri, de Cristian Mungiu;
Rússia - Belyy tigr, de Karen Shakhnazarov;
Sérvia - Kad svane dan, de Goran Paskaljevic;
Singapura - Already Famous, de Michelle Chong;
Eslováquia - Made in Ash, de Iveta Grófová;
Eslovênia - Izlet, de Nejc Gazvoda;
África do Sul - Little One, de Darrell James Roodt;
Coréia do Sul - Pietá, de Kim Ki-duk; - Vencedor do Leão de Ouro do Fesrival de Veneza
Espanha - Blancanieves, de Pablo Berger;
Suécia - Hypnotisören, de Lasse Hallström;
Suíça - L'enfant d'en haut, de Ursula Meier;
Taiwan - Touch of the Light, de Chang Jung-Chi;
Tailândia - Headshot, de Pen-ek Ratanaruang;
Turquia - Atesin düstügü yer, de Ismail Gunes;
Ucrânia - Firecrosser, de Mykhailo Illienko;
Uruguai - La Demora, de Rodrigo Plá;
Venezuela - Piedra, Papel o Tijera, de Hernán Jabes;
Vietnã - Mui co chay, de Nguyen Huu Muoi.


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Animação francesa traz gato falante que discute religião



Cefas Carvalho

Por indicação do amigo cinéfilo Ewerton Alves, assisti neste final de semana – numa brecha entre trabalho e movimentações da campanha eleitoral - à animação francesa de 2011 O gato do rabino, cuja existência eu desconhecia até a semana passada. Trata-se de mais um desenho animado europeu feito à maneira antiga – desenho quadro sobre quadro – sem computação gráfica, com roteiro inteligente, soluções inesperadas e mesclando humor e drama.
A trama é curiosa: na Argel nos anos 30, um rabino descobre que o gato de sua filha pode falar. Na verdade ele não apenas fala mas discute deus e religião com os rabinos e, para ficar com sua dona, quer se converter ao judaísmo e fazer seu Bar Mitzvah. A partir daí, a trama mistura confltos religiosos, uma viagem pela África, amor e morte.
Realizado pelo cineasta e quadrinhista Joann Sfar a partir de sua própria história em quadrinhos, o desenho é um primor e merece ser conhecido. Curiosidade: Sfar é diretor do ótimo filme Gainsbourg - O homem que amava as mulheres, cuja história é narrada com animações criativas. Gainsbourg, como se sabe foi o compositor e cantor e cineasta bissexto, autor da pérola da bizarrice Je t´aime mon non plus (Paixão Selvagem, no Brasil).
Nestes tempos de Protógenes querendo a proibição do filme Ted, cabe aos pais ficarem de olho na Classificação Indicativa: 12 anos. A animação contém insinuações de sexo, consumo de álcool, assassinato, debates sobre a Bibilia e o Talmude e pode ser forte demais para pais à la Protégenes e seu pequeno Juan. Minha filhota Ananda, de 10 anos, escolada em animações européias e fã de Persépolis, Bibicletas de Belleville e do australiano Mary e Max, adorou.