quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Marion Cottilard será Lady Macbeth no cinema



G1, São Paulo

Sai Natalie Portman, entra Marion Cotillard. Ganhadora do Oscar por "Piaf – Um hino ao amor" (2007), a francesa vai substituir a americana – e também ganhadora de uma estatueta, por "Cisne negro" (2010) – no filme "Macbeth", baseado na peça escrita por William Shakespeare. A informação é da "Hollywood Reporter".
Em reportagem publicada em seu site nesta quarta-feira (21), a revista diz que o alemão Michael Fassbender ("Bastardos inglórios", "Shame" e "X-Men: Primeira classe") vai protagonizar o longa. A produção é de Iain Canning e Emile Sherman, que trabalharam juntos no ganhador do Oscar "O discurso do rei" (2010).
De acordo com a "Hollywood Reporter", a direção é de Justin Kurzel, que tem até aqui um único longa-metragem no currículo, "Snowtown" (2011). A pré-produção está prevista para começar no final do ano, e as filmagens, para janeiro de 2014, no Reino Unido.
Além de "Piaf", Marion é conhecida por ter atuado em superproduções como "A origem" (2010) e "Batman – O cavaleiro das trevas ressurge" (2012). Também esteve em "Nine" (2009), "Meia-noite em Paris" (2011) e "Contágio" (2011). Seu trabalho mais recente a estrear no Brasil é "Ferrugem e osso" (2012).

Nota do blogueiro: Michael Fassbender como Macbeth e Marion Cotillard como a terrível Lady Macbeth? Podem separar logo os Globo de Outros e estatuetas do Oscar para a dupla. E Marion, bela e excepcional atriz, já mostrou seu talento superlativo em “Piaf” e “Ferrugem e osso”. O que dá medo é colocarem o texto mais sombrio de Shakespeare e estes dois talentos nas mãos de um diretor quase estreante e desconhecido. É esperar para ver.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Willen Dafoe viverá Pasolini em filme italiano de Abel Ferrara

Do UOL, em São Paulo
   
O diretor norte-americano Abel Ferrara fará uma crônica cinematográfica do que teria sido o último dia de vida do diretor italiano Pier Paolo Pasolini. Segundo o site da revista "Variety", Ferrara pretende começar a fotografia para o filme "Pasolini" no próximo dia 1º de novembro, que é também a véspera do 38º aniversário da morte do italiano. O ator Willem Dafoe vai estrelar o filme e essa será sua quarta parceria com Ferrara.
"Pasolini não era apenas um grande diretor de filmes, ele era um filósofo, um poeta, um jornalista que escrevia editoriais, um comunista mas um católico que se opunha ao controle de natalidade, um radical, um pensador livre em todos os níveis", disse Ferrara durante o Festival de Cinema de Locarno, na Suíça, quando deu uma aula para jovens cineastas.
Com a exceção de Dafoe, que mora em Roma, é casado com a cineasta italiana Giada Colagrande e é fluente em italiano, todo o elenco será italiano.
Pasolini morreu no dia 2 de novembro de 1975, atropelado pelo próprio carro na praia de Ostia, perto de Roma. Um jovem de 17 anos confessou o assassinato mas voltou atrás em sua confissão em 2005.
Ferrara garantiu, porém, que "Pasolini" não será uma tentativa de investigar a morte do diretor italiano, mas terá foco na figura do diretor e poderá incluir imagens nunca vistas de filmes feitos por ele. Ferrara também pretende gravar cenas de um filme que Pasolini estava preparando para retratar a vida de São Paulo e ser feito em Detroit.

Nota do blogueiro: Ferrara tem altos e baixos, mas, que desça o "santo" de Pasolini na criatura para que saia um filme à altura do biografado. Dafoe é um dos maiores atores da atualidade e, inclusive, fisicamente parecido com o gênio italiano.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

"Laurence anyways": A visão poética e visceral de Xavier Dolan sobre amor e transexualidade

Cefas Carvalho

Volta e meia sou pego diante de expressões artísticas - filmes, livros, artes plásticas, músicas - na qual não consigo entender minha primeira impressão delas. Causam certo impacto em mim - bom ou mal, positivo ou negativo de uma forma esquisita - que já aprendi a interpretar ao longo deste 42 anos, como saudáveis. Talvez para mim o problema seja não sentir nada, ou gostar de um forma tão banal que eu mesmo sei que o "gostar" não vai sobreviver a uma pizza pós-obra. Senti essa sensação diante das pinturas de Marlene Dumas, de alguns livros de Alberto Moravia e dos filmes de Christophe Honoré (Canções de amor e Os bem amados), um incômodo misturado com estranheza que, a longo prazo, seria não apenas produtivo, mas acarretaria uma relação posteriormente íntima e devotada com todos os citados neste parágrafo.
Tanto nhem nhem nhem para sintetizar a explicar aos leitores(as) minha sensação diante de Laurence anyways, mais recente filme do canadense Xavier Dolan, enfant terrible que antes dos 24 anos realizou Eu matei minha mãe e Os amores imaginários, dois filmes que encantaram 9 entre 10 cinéfilos e que adoro, principalmente o segundo.
Este texto não pretende ser spoiler, portanto vou registrar apenas o ponto de partida, que é simples, basicamente no início do filme e já conhecido dos cinéfilos. Laurence (o ótimo Melvil Poulpaud) namora a intensa Frederique (a estranhamente bela e sexy Susanne Clement), porém, após seu aniversário de 35 anos ele comunica à namorada e todos que não se sente confortável em seu corpo masculino e que vai começar a se vestir e agir como uma mulher.
A partir daí o filme dá uma guinada  - narrativa e estética - enfocando a jornada de Laurence em relação à sua nova vida (trabalho, amigos, namoro, vida social, tudo é afetado, claro). Dolan, como se sabe, é homossexual assumido e militante, portanto, o roteiro é escrito não apenas com propriedade e conhecimento de causa, mas com naturalidade que se faz visível. A batalha - primeiro interior, depois social - de Laurence é mostrada com paixão e compaixão (é impossível não torcer pela sua causa pessoal - como também  acontece com Ennis e Jack em Brokeback mountain, este realizado por um heterossexual, Ang Lee, com uma sensibilidade absurda).
Portanto, o filme se desenrola na luta de Laurence por autoafirmação, afirmação social, relacionamento com a mãe (a musa Natalie Baye, sempre boa atriz e cada vez mais linda com o passar dos anos) e o grande amor pela Fred, que talvez seja a estranheza maior do filme e o trunfo de Dolan. Ele, claro, usa e abusa de cenas estilizadas, com câmara lenta (a lá Kar Wai) como fizera tanto em Os amores imaginários, mas, o fato é funcionam, apesar da cara feia dos críticos.
Em suma, um filme maravilhoso sobre auto descobrimento, (trans)sexualidade e, claro, amor. Xavier Dolan acertou de novo. E lá vou eu dia desses rever o filme, já que como não sei ao certo se gostei ou não.
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quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Garimpando as canções pop-rock incidentais dos filmes de Christophe Honoré

Cefas Carvalho

Que praticamente todos os filmes de Christophe Honoré tem trilha sonora feita por Alex Beaupain todo cinéfilo sabe. E nessas trilhas inclui-se as belíssimas canções de musicais como Os bem amados e Canções de amor. Mas, Honoré também é craque em selecionar músicas incidentais para cenas chaves de seus filmes. Sempre me chamou a atenção em Os bem amados, duas canções pop-rock que pontuavam em cenas dramáticas, alternando entre as composições de Beaupain. Aproveitando uma madrugada insone decidi "caçar" as tais canções. E quem procura, já diz o ditado, acha!
Uma nem era das mais difíceis. Em uma das cenas finais do filme, quando Madeleine (Catherine Deneuve) e Clement (Louis Garrel) saem de Reims rumo a Paris para a rue Darcet, ouve-se uma versão quase tecno belíssima do clássico I go to sleep, da banda inglesa The Kinks, depois regravada pelo The Pretenders (a musa Chryssie Hynde namorava Ray Davis, do The Kinks à época). Acabei descobrindo que a versão do filme é uma regravação feita pela cantora e compositora alemã Anika, que tem uma voz andrógina e é também jornalista política e militante cultural.

A segunda canção aparece quando Vera (Chiara Mastroanni) vai a Londres encontrar Henderson (Paul Schneider) e ao entrar no pub onde ele toca bateria, ouve-se uma canção agridoce com uma letra triste (Forget the horror here... I´m the fury in your head...). Pois descobri que trata-se de Spanish Sahara da banda inglesa Foals, da qual já havia ouvido falar, mas não escutara nada. Pois tanto a música como o clipe são intensos e melancólicos e já entraram para meu set list pessoal. 


domingo, 4 de agosto de 2013

A Paris do cinema

Cefas Carvalho

Cinéfilo e francófilo que sou, ganhei um presente dos deuses dos amigos Tê e Fran, em recente viagem que fiz a Nantes, cidade de sonhos no vale do Loire, interior da França. Um presente daqueles de deixar a pessoa com o sorriso do gato de Alice. Trata-se do livro Le Paris do Cinema (A Paris do cinema), de Vincent Perez (sim, aquele ator de Cyrano, Indochina e A Rainha Margot) e Philippe Durant, pelas Editions Favre, 2011. A obra é um deleite; os autores separam os capítulos pelos 20 arrondissemants, os distritos em espiral que formam a cidade-luz.
A partir daí, a obra mostra cada rua, avenida, praça ou localidade que serviram de locações de filmes famosos, serviram de moradia para atores e cineastas ou simplesmente abrigaram cinemas lendários. Tudo explicando os filmes e locais em seus contextos e com mapas e índices dos filmes citados. Fotos dos filmes e também recentes dos lugares listados. Uma preciosidade de cuidado e bom gosto. 

 Alguns dos filmes mais citados são clássicos pessoais meus como O fabuloso destino de Amélie Poulain, coalhado de locações em Montmartre, bairro onde se passa quase todo o filme. Estão no livro a 15, Rua Lepic, onde funciona de verdade até hoje (embora sem o mesmo charme e sem a tabacaria da Georgette) o Deux Moulins, onde Amélie trabalha como garçonete. Amélie também é citado em diversos outros trechos como no verbete da Basilique de Sacre-Coeur (onde foram filmadas outras muitas películas) e no da Rue de Trois-fréres (a quitanda de Colignon). A mesma rue de Trois-frére - belíssima rua que tive o privilégio de conhecer - é citada como cenário de um filme bem interassante, Ronin, de John Frankeiheimer.
Claro que filmes americanos e italianos que tiveram Paris como locação foram citados. Bastardos inglórios, de Quentin Tarantino, aparece, já que na 12, rue de Championet, em Montmartre, há o bistrô onde Soshanna está lendo um livro e é abordada pelo soldado alemão. Filmes como Charada, Cinderela em Paris e Paris blues são registrados no livro. O último tango em Paris está lá, claro. Mas, a obra é prioritariamente francesa. Filmes dos mestres Godard e Truffaut e de gente boa como Yves Robert, Claude Lelouch, Cedric Klapish, Claude Berri, Jacques Berry e muitos outros estão lá registradas.

Filmes clássicos tem as cenas e suas locações esmiuçadas. Claro que toda leitura provoca suas desilusões. Descobri, por exemplo, que grande parte de Os amantes da Pont neuf, filme maravilhoso de Leos Carax, foi gravado em uma Pont neuf cenográfica construída na cidade de Montpellier, já que ele só obteve autorização para filmar na ponte verdadeira por três semanas, tempo insuficiente para concluir o filme.
Também descobri com a leitura do livro que a Pont de la Mare, na rue de la Mare,  no 20 arrondissemant, onde Jeanne Moreau (de bigode), Henri Serre e Oskar Werner correm em cena clássica de Jules e Jim, de Truffaut, foi demolida.
Claro que o livro não é perfeito, devido ao número absurdo de filmes gravados em Paris e das preferências dos autores. Particularmente, senti falta dos filmes de Christophe Honoré (Canções de amor e Os bem amados se passam em ruas do 10 Arr e Montmartre, e em breve uma outra crônica sobre esse tema), tão situados em ruas e praças parisienses. Também não achei Sinfonia de amor no livro, talvez por ser visrtualmente uma visão estilizada de Paris. Achei exagerado o espaço dado ao blockbuster O código Da Vinci. Mas, nada que comprometa o livro, verdadeiro guia para cinéfilos e mapa para quem quiser visitar a cidade-luz com base nos cenários cinematográficos, afinal, a cidade já é em si um cenário de cinema.