segunda-feira, 30 de julho de 2012

Festival de Veneza 2012 tem concorrentes divulgados


A organização do Festival de Veneza 2012 divulgou na quinta-feira (28) a lista de filmes selecionados para sua 69ª edição. Estão na briga pelo Leão de Ouro os novos filmes de Terrence Malick ("A Árvore da Vida"), chamado "To The Wonder", e Brian De Palma, com "Passion", seu primeiro filme em cinco anos.
Ambos contam com um elenco poderoso. "To The Wonder" tem Ben Affleck, Rachel McAdams, Rachel Weisz e Javier Bardem. Já "Passion" traz McAdams de novo, agora como a algoz de Noomi Rapace ("Prometheus") num thriller homoerótico.
A competição conta ainda com nomes conhecidos do circuito de festivais, como o italino Marco Bellocchio ("Bella Addormentata"), o japonês Takeshi Kitano, que atua e dirige "Outrage: Beyond", sequência de "Outrage" (2010); o francês Olivier Assayas ("Après Mai"); o filipino Brillante Mendoza ("Thy Womb") e o sul-coreano Kim Ki-Duk ("Pieta").
Chama a atenção da inclusão do norte-americano "Spring Breakers", em que quatro garotas, lideradas pelas estrelas adolescentes Selena Gomez e Vanessa Hudgens, resolvem assaltar uma lanchonete para terem dinheiro para as férias de verão. James Franco também está no elenco. A direção é de Harmony Korine, famoso por escrever o roteiro do polêmico "Kids" (1995).
Outras estrelas que devem circular pelo Lido, ilha onde é realizado o festival, são Zac Efron e Dennis Quaid, que atuam juntos em "At Any Price".
Fora da competição, serão exibidos os novos filmes de Robert Redford e Spike Lee. O primeiro apresenta "The Company You Keep", no qual Redford também atua, ao lado de atores como Shia LaBeouf e Julie Christie. Já Spike Lee mostrará no evento o documentário "Bad 25", sobre Michael Jackson.
O veterano português Manoel de Oliveira, cineasta mais velho em atividade no mundo, aos 103 anos, estreia seu trabalho mais recente, "O Gebo e a Sombra", também fora de competição.
O festival abre com "The Reluctant Fundamentalist", de Mira Nair, que traz Kate Hudson e Kiefer Sutherland no elenco, e fecha com um filme estrelado por Gerard Depardieu, "L'Homme Qui Rit", de Jean-Pierre Ameris.
O Festival de Veneza 2012 será realizado entre 29 de agosto e 8 de setembro. O júri vai ser presidido pelo cineasta Michael Mann e terá a participação, dentre outros, da atriz britânica Samantha Morton, do diretor argentino Pablo Trapero e da atriz e modelo francesa Laetitia Casta.

Veja abaixo a lista de filmes selecionados para o Festival de Veneza 2012

"Après Mai (Something In The Air)", de Olivier Assayas (França)
"At Any Price", de Ramin Bahrani (EUA/Reino Unido)
"Bella Addormentata", de Marco Bellocchio (Itália/França)
"La Cinquième Saison", de Peter Brosens e Jessica Woodworth (Bélgica/Holanda/França)
"Lemale Et Ha’chalal (Fill The Void)", de Rama Burshtein (Israel)
"È Stato Il Figlio", de Daniele Ciprì (Itália)
"Un Giorno Speciale", de Francesca Comencini (Itália)
"Passion", de Brian De Palma (França/Alemanha)
"Superstar", de Xavier Giannoli (Bélgica/França)
"Pieta", de Kim Ki-Duk (Coreia do Sul)
"Outrage Beyond", de Takeshi Kitano (Japão)
"Spring Breakers", de Harmony Korine (EUA)
"To The Wonder", de Terrence Malick (EUA)
"Sinapupunan (Thy Womb)", Brillante Mendoza (Filipinas)
"Linhas de Wellington", de Valeria Sarmiento (França/Portugal)
"Paradies: Glaube (Paradise: Faith)", de Ulrich Seidl (Alemanha/Áustria/França)
"Izmena (Betrayal)", de Kirill Serebrennikov (Rússia)


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quarta-feira, 25 de julho de 2012

Cineclube Natal homenageia música brasileira em Nalva Café Salão

O Cineclube Natal, em parceria com Nalva Melo Café Salão, promove uma mostra temática unindo o cinema e a música brasileira dos dias 23 a 29 de julho. A mostra apresenta a qualidade das produções musicais e cinematográficas nacionais ao público do CC Natal e é um presente para aqueles que são cinéfilos e  também amantes da música.
Apesar de a ficção brasileira ainda estar reticente quanto à abordagem da música como mote cinematográfico, documentaristas já perceberam as singularidades que têm à disposição para retratar, e o filão já rendeu filmes que são libelos à nossa produção musical. O gênero que, muito provavelmente começou no Brasil com "Os Doces Bárbaros" (que será exibido na mostra), já gerou frutos célebres do ano passado para cá, como os lançamentos da biografia de Raul Seixas ("O Início, o Fim e o Meio") e dos Novos Baianos ("Filhos de João - O Admirável Mundo Novo Baiano").
A lista final é composta por sete longas, sendo apenas o de estreia, Noel - Poeta da Vila (2006),  uma biografia "dramatizada", os demais seguem o estilo documental clássico. A partir dessa mostra, é possível fazer uma viagem pela história do Brasil e pela diversidade de nossa música.
As sessões começam sempre às 19h, em Nalva Melo Café Salão, na Av. Duque de Caxias, n. 110, Ribeira. A entrada (taxa de manutenção) tem um custo de R$ 2,00.

Confira a programação:
23/07 (segunda) - Biografia do boêmio sambista de Vila Isabel | Noel -  Poeta da Vila (2006)
Aos 17 anos, Noel Rosa (Rafael Raposo) é um jovem engraçado, que possui um defeito no queixo e gosta de improvisar quadras debochadas para os amigos. Noel estuda medicina e toca numa banda regional, com outros garotos do bairro. Noel gosta da companhia de operários, negros favelados e prostitutas, com quem rapidamente faz amizade. Até que, um dia, conhece Ismael Silva (Flávio Bauraqui), compositor que o desafia a compôr um samba. Noel usa uma paródia ao Hino Nacional para compôr "Com Que Roupa?", que faz grande sucesso nas rádios de todo país. A partir de então, ele se dedica de vez ao mundo do samba, mudando a história da música popular brasileira.

24/07 (terça) - Registro  do grande encontro de Caetano, Bethânia, Gil e Gal comemorando 10 anos de carreira | Os Doces  Bárbaros (1977)
Documentário musical sobre a turnê que Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Be-thânia e Caetano Velloso fizeram em 1976 em comemoração aos dez anos de suas carreiras. Reconstituição dos dramáticos acontecimentos que envolveram o grupo com a prisão de Gilberto Gil em Florianópolis por porte de maconha.

25/07 (quarta) - A obra musical do compositor Paulo Vanzolini | Um Homem de Moral (2009)
Documentário musical sobre o compositor Paulo Vanzolini. O diretor Ricardo Dias, de "Os Calangos do Boiaçu" e "No Rio das Amazonas", que contaram com a participação de Vanzolini, apresenta, desta vez, um outro compositor: seus sambas, seus amigos e a cidade de São Paulo, tema permanente de sua obra musical. (UOL)

26/07 (quinta) - Ascensão e queda de Wilson Simonal | Simonal - Ninguém sabe o duro que dei (2009)
A trajetória do ex-cabo do exército Wilson Simonal, que se tornou cantor de grande sucesso nos anos 60. Lançado por Carlos Imperial, Simonal vendeu milhões de discos e lotou estádios em seus shows até ser condenado ao ostracismo devido à acusação de que era informante da ditadura militar, o que sempre negou. (Adoro Cinema)

27/07 (sexta) - A trajetória artística de um dos músicos de ‘Os Mutantes’ | Loki - Arnaldo  Baptista  (2009)
Documentário sobre Arnaldo Baptista, fundador dos Mutantes e um dos grandes ícones da música brasileira. Imagens históricas revelam a trajetória do artista desde a infância, o surgimento dos Mutantes, o casamento com Rita Lee, a separação, o fim da banda, a depressão que o levou a uma tentativa de suicídio e a um profundo coma, sua carreira solo e o reencontro com a paz.

28/07 (sábado)  A história dos Titãs por cenas filmadas ao longo da carreira pela própria banda | Titãs – A vida até Parece uma festa (2009)
Os músicos do Titãs contam a história da banda, umas das principais do país, utilizando linguagem não cronológica e musical. Quando lançaram o disco Cabeça Dinossauro, Branco Mello comprou sua primeira câmera (VHS) e saiu gravando tudo o que acontecia naquele momento de explosão musical que foram os anos 80.

29/07 (domingo) - Um retrato sobre os festivais da canção | Uma noite em 67 (2010)
Final do III Festival da Música Popular Brasileira da TV Record, em 21 de outubro de 1967. Entre os candidatos que disputavam os principais prêmios figuravam Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso, Gilberto Gil com os Mutantes, Roberto Carlos, Edu Lobo e Sérgio Ricardo, protagonista da célebre quebra da viola no palco e lançado para a plateia, depois das vaias para “Beto Bom de Bola”.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

"Não sobre rouxinóis": Teatro visceral brilha no Rio de Janeiro com texto de Tennesse Williams

Em cena, Éber Inácio, Bruno Ferrari e Alexandre Mofati.
Cefas Carvalho

Este blogueiro cinéfilo pede licença aos leitores para deixar de lado a sétima arte neste post para falar sobre teatro. Em recente viagem ao Rio de Janeiro consegui fugir das dezenas de comédias (refinadas ou besteirol) e comediantes stand-up que infestam a Cidade Maravilhosa e as demais capitais, para assistir a um drama. Mais que isso, um drama de Tennesse Williams, sim, aquele mesmo, o dramaturgo americano de "Um bonde chamado desejo" e "Gata em teto de zinco quente" entre outros tão conhecidos por cinéfilos e amantes do teatro. Ou seja, o terreno teatro-cinema aqui é tênue e felizmente, desbravável.
Trata-se do espetáculo "Não sobre rouxinóis", ainda em cartaz para os sortudos cariocas na sala Paulo Pontes, no Teatro Net, no Shopping dos Antiquários, em Copacabana. Dirigida por João Fonseca e Viniciús Arneiro (tradução de Eduardo Rieche, também ator na peça), a peça foi escrita por Williams em 1938 quando o autor contava apenas 27 anos (mas montado pela primeira vez apenas em 1998!) e versa sobre um fato real: a revolta de presos contra as condições subhumanas do presídio e a postura ditatorial do diretor.
Claro que em se tratando de Williams, as relações humanas e a tensão sexual ganham espaço. E são elas que pontuam a trama, que trata basicamente das reivindicações do líder dos detentos Butch (Bruno Ferrari) por melhor comida e bons tratos em um presídio, confrontando Whalen, o diretor mau caráter e sádico  que "disputa" a recém-contratada secretária Eva com o detento-secretário  "Canário" Jimmy, conhecido como delator entre os demais presos. Este ponto de partida leva a trama e os personagens às consequencias extremas.
Não sendo crítico de teatro e assistindo a peça com o olhar passional já conhecido pelos leitores do blog (devoto que sou de Lynch, Bergman, Honoré e tantos outros) não me atreveria jamais a apontar que este ou aquele ator se destaca ou que a direção acerta nisso ou naquilo. O fato é que a visceralidade da peça chama a atenção e tudo parece fiuncionar: direção, cenografia, sonoplastia etc. O elenco  - todo ele excelente - é formado por Nilvan Santos, Adriana Maia, Júlia Marini, Eduardo Rieche, Thelmo Fernandes, Cleiton Rasga, Éber Inácio, Alexandre Mofati, Sérgio Ricardo Loureiro, Alex Nader e César Amorim.
A proximidade do palco com a platéia (poucos centímetros entre o limite do palco e primeira fila) faz com que o espetáculo ganhe ares angustiantes, já que muitas cenas envolvem tortura física (há psicológica também, em grandes quantidades), confinamento e sensação de calor. Muita gente na platéia - nitidamente experimentada em dramas pesados - se mostrou desconfortável com o que se passava no palco. Nada melhor para quem, como este blogueiro, sonha com peças, filmes, músicas e livros que me tirem da zona de conforto e me lembrem sempre que a vida é algo nebuloso e sombrio, cheio de som e de fúria, como diria Shakespeare.
O título da peça é explicado em um diálogo entre Jimmy e Eva na qual o primeiro cita o poeta inglês Keats, criticando uma famosa obra do poeta (Ode a um rouxinol) e defendendo uma posição filosófica do mundo que muito parece com a deste blogueiro. Quem quiser que fale sobre rouxinóis ou teça odes sobre flores, passarinhos ou cachoeiras (ops!). A peça em questão é sobre dor, encarceramento, desilusão e morte. Temas que merecem ser discutidos e analisados neste mundo cão de hoje em dia, neste Brasil velho de guerra, tão bruto e cruel como os EUA da depressão da década de 30, no mundo sempre esquisito e cru do mestre Williams.

Nota do blogueiro: Fatalmente o espetáculo citado estaria entre as prioridades para se assistir no eixo Rio-São Paulo, mas o fato é que foi o amigo César Amorim fazer parte do elenco quem me fez saltar os olhos para a peça, ainda em terras potiguares, e a ele agradeço a atenção, o carinho e a simpatia, assim como a de todo o elenco do espetáculo. Pena que, como conversei com o elenco após o espatáculo, uma peça dramática com 12 atores dificilmente conseguirá fazer turnê que chegue às capitais nordestinas.