sexta-feira, 11 de abril de 2014

A decadência e a inadaptação segundo Visconti em "Gruppo de famiglia en un interno" (aka "Violência e paixão")

Cefas Carvalho

Revi pela nona ou décima vez "Gruppo de famiglia en un interno" filme de Visconti que teve o nome internacional de "Conversation piece" e no Brasil o famigerado título de "Violência e paixão", Penúltimo filme do mestre italiano, de 1975, trata-se de um dos meus filmes favoritos desde sempre, dos 10 que eu levaria para uma ilha deserta, desde que com 17 anos tive o prazer e o privilégio de descobri-lo em uma videolocadora após um comercial TV (sim, naquela época a Globo Filmes Distribuidora anunciava no horário nobre os lançamentos de clássicos em VHS!!!).
Claro que amo os demais filmes do mestre Visconti (em especial "Rocco e seus irmãos" e "Vagas estrelas da Ursa - nenhuma atriz na história do cinema está mais bela e radiante que Claudia Cardinale nesse filme). E reconheço as qualidades de um portento como "O leopardo". Mas "Gruppo..." por razões que até hoje não consegui precisar se encaixou de tal forma na minha percepção estética e ideológica da vida e do cinema (talvez sejam a mesma coisa), que tornou-se além de filme preferido um dos meus símbolos de perfeição estética. Com idéias - muitas  - por trás, claro.
A sinopse (de minha lavra e tentando não ser spoiller): Uma marquesa tenta alugar um apartamento anexo á moradia de um professor aposentado e casmurro, colecionador de arte e que vive "à moda antiga". Diante de tanta insistência, o professor \aluga o espaço e o novo morador provoca mudanças profundas nele e em todos à sua volta.
Claro que em se tratando de Visconti, tudo funciona para se contar a história. O professor é vivido por Burt Lancaster (ele e Visconti, que filmaram "O leopardo" em 1963 teriam feito um acordo que o próximo filme que fizessem juntos seria em inglês, para que Lancaster pudesse interpretar na sua língua original). A marquesa Bianca é a musa Silvana Mangano, talentosa como sempre. O eterno amado do diretor, o austríaco Helmut Berger funciona em um papel feito especialmente para ele (e parecido com a persona dele, segundo relatos). A fotografia de Pasqualino De Santis é maravilhosa, assim como a cenografia e a trilha que mistura clássicos com pop italiano anos 70, rende uma cena clássica (postada aqui embaixo, com o aviso que é um leve spoiller. Não recomendado para quem não assistiu ao filme e pretende faze-lo sabendo o mínimo da trama).
O filme discute prioritariamente visões de mundo distintas (o professor que quer se manter "no passado" e a família burguesa aberta aos modismos e novas futilidades) e  - tema caro a Visconti, vide "Morte em Veneza - a impressão que a beleza nos causa como motor para ações e reações. Visconti era obcecado por beleza estética e seus efeitos e conseguiu transmitir tal sensação em cada cena com Burt Lancaster em cena. O Professor é também um símbolo de quem se descobre inadaptado a uma nova época e oscila entre o bunker emocional que construiu e a atração pelas "novidades".  "Gruppo..." é dos filmes que renderiam horas de debates e laudas e mais laudas de análises, pela riqueza de conteúdo e estética.



quarta-feira, 2 de abril de 2014

Festival Varilux de Cinema Francês de 9 a 16 de abril no Moviecom

Quem, gosta de cinema francês, como este blogueiro, está contando as horas. Isso porque a edição 2014 do Festival Varilux de Cinema Francês está prestes a começar. De 9 a 16 de abril, o Festival Varilux  traz ao seu já fiel público o melhor da cinematografia francesa recente. Com uma seleção de 16 filmes, com os mais variados gêneros e os mais destacados diretores e atores do momento, a organização do festival espera nesta edição atingir os 100 mil espectadores em 45 cidades brasileiras. Em Natal, a programação será no  Moviecom Praia Shopping, como nos anos anteriores.
O festival estreia, dia 9 de abril, às 21h30, com o filme Neuf Mois Ferme (Uma Juíza sem Juízo), do diretor Albert Dupontel, filme que deu o Cesar da melhor Atriz para Sandrine Kiberlain. Após a exibição, haverá um coquetel para os convidados, no Moviecom Praia Shopping.
Na programação deste ano, haverá ainda o lançamento nacional do filme “Yves Saint Laurent”, de Jalil Lespert, e também a estreia do longa “Uma Viagem Extraordinária”, do diretor de “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”, Jean-Pierre Jeunet, ambos convidados do Festival Varilux de Cinema Francês 2014.
No programa ainda teremos “Eu, Mamãe e os Meninos”, de Guillaume Gallienne, verdadeiro "fenômeno" do ano 2013 na França e na recente cerimônia do "Cesar", com cinco prêmios, dentre eles melhor filme e melhor ator. O longa “O Passado”, do premiado diretor iraniano Asghar Farhadi também estará em exibição. Pela primeira vez, o Festival Varilux exibirá um grande clássico francês: “Os incompreendidos”, de François Truffaut, projetado em versão digital restaurada.Segue abaixo, quadro com a programação.