segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Pietá: Kim Ki Duk realiza obra prima de redenção e dor na periferia de Seul

Cefas Carvalho

Amigos de longa data e leitores do blog comentaram comigo em off que estavam estranhando o direcionamento do blog, em divulgar favoritos e prognósticos para o Oscar e divulgar premiações norte-americanas. Quem pensa que este blogueiro mudou um milímetro que seja na paixão pelo cinema europeu e asiático pode tirar o cavalinho da chuva. Apenas - doido por premiações que sou - me dediquei a informar sobre as tendências dos prêmios cinematográficos do ano.
Da safra dos filmes premiados nos festivais internacionais, escolhi uma trinca para priorizar (Pietá, Amor e Ferrugem e osso) e não me arrependi. Admirador do estilo personalíssimo do sul-coreano Kim Ki Duk, assisti Pietá com muita expectativa, que se cumpriu por completo.
Todos os temas do diretor estão lá: redenção, mutilação, dor física, animais mutilados em analogia ao comportamento humano, silêncios, relações humanas complexas. Em essência, o filme remete a duas obras primas dele: A ilha e Primavera, verão, outono, inverno e primavera, sendo que estas se passavam em lugares idílicos no interior da Coréia do Sul. Pietá se passa na periferia pobre e barra-pesada de Seul (Tempo e Casa Vazia também se passam em Seul, mas em bairros classe média-alta).
Este texto não terá spoillers (para quem não sabe o que é spoiller, trata-se daquela informação que revela algo importante ou decisivo sobre o filme - tenho quase pronta uma crônica sobre o tema), nem será longo, portanto, o leitor pode ler sem medo de ter a trama do filme revelada. O plot é simples: Mi-son é um cobrador-agiota que trabalha com a possibilidade dos seus devedores pagarem o que lhe devem mutilando-os para receber a indenização por inavalidez. Solitário e lacônico, é surpreendido com a visita de sua mãe, que o havia abandonado ao nascer. A relação entre filho e mãe que jamais se viram será complexa e vai gerar mudanças no estilo de vida dele.
Arrancando da dupla de atores interpretações fantásticas, apostando em fotografia e montagem secas e na atmosfera de caos urbano, Kim ki Duk constrói um filme denso, onde a redenção quase impossível se mostra real e onde nem tudo que parece é, de forma que as relações humanas são mostradas em toda a sua complexidade, com personagens tridimensionais. Certamente a obra prima do diretor e que merece ser visto por qualquer um que deseje um cinema que faça sair da zona do conforto e que deseje investigar as catacumbas da alma humana (curiosamente esta investigação também é a especialidade de Michael Haneke, autor de Amor, a outra obra prima do ano). Imperdível e doloroso.

PS: Como parece óbvio, este é o último post do ano. Estou devendo aos amigos e leitores e a mim mesmo resenhas sobre filmes que me encantaram como Amor e Ferrugem e osso. Fica para janeiro de 2013, com um blogue Veludo Azul mais dinâmico. Bom ano novo a todos!

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Academia divulga os 9 pré-finalistas ao Oscar de Filme em Língua não inglesa

Cefas Carvalho

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood divulgou nessa sexta-feira os 9 pré-indicados ao Oscar de Filme em Língua Estrangeira (eram filmes de 91 países concorrendo). Todas as matérias que li sobre o tema lamentavam o fato de o representante brasileiro O Palhaço não ter ficado entre os pré-selecionados. Como não sou patriota nem em futebol, muito menos em cinema, apesar de ter gostado do filme de Selton Mello, eu torcia era por Amor, do mestre Michael Haneke (falado em francês, mas, que concorre pela Áustria) e Intocáveis (representante da França), dois filmes que assisti e que gostei. Da série “não assisti ainda, mas sei que vou gostar”, torcia pelo italiano César deve Morrer e pelo argentino Infância Clandestina. O candidato sul-coreano, Pietá, de Kim Ki Duk, era um dos meus favoritos, mas, como seria de se esperar (drama com mutilação e estupro não ia agradar a todos os acadêmicos mesmo) não foi relacionado. Grata surpresa foi a inclusão do filme chileno No, de Pablo Larrain, que vem colhendo elogios. Confira a relação dos 9 filmes que disputam as 5 vagas do Oscar (mas, o favorito é Amor, que, se bobear ainda vai concorrer também a Filme, Diretor, Ator, Atriz e Roteiro Original). PS: Em breve neste blog resenhas de Amor e Intocáveis.

Áustria: “Amour”, de Michael Haneke
Canadá: “War witch”, Kim Nguyen
Chile: “No”, de Pablo Larraín
Dinamarca: “A royal affair”, de Nikolaj Arcel
França: “Os intocáveis”, de Olivier Nakache e Eric Toledano
Islândia: “The Deep”, de Baltasar Kormákur
Noruega: “Kon-Tiki”, de Joachim Rønning e Espen Sandberg
Romênia: “Beyond the Hills”, de Cristian Mungiu
Suíça: “Sister”, de Ursula Meier

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Canção de Adele para novo 007 tem tudo para ganhar Oscar

Cefas Carvalho

Os filmes da franquia 007 (James Bond) sempre foram pródigos em belas e sensuais mulheres - as bondgirls -, vilões esquisitos e carismáticos e canções de primeira. As músicas dos filmes da série sempre foram uma espécie de cartão de visitas auditivo da franquia e ultrapassaram mesmo os limites cinematográficos (como não recordar Goldfinger ou Live and let die).
Grandes nomes do pop-rock já emprestaram talento (as vezes muito, as vezes pouco...) aos filmes do agente que tem permissão para matar (Duran Duran, A-ha, Paul McCartney).
Porém, nenhuma das canções chegou a granhar o Oscar de melhor canção. Duas já concorreram: "Live and let die" (007 - Viva e deixe morrer), do citado McCartney, em 1974 e "Nobody does it better", (007 - O espião que me amava) de Marvin Hamlish e Carole Sager, em 1978. Há algumas décadas o padrão de qualidade das canções caiu e não houve mais indicações (nem grandes canções).
Mas, agora com o sucesso de Skyfall de Sam Mendes, tudo parece ter ganhado a qualidade dos anos áureos e eis que a canção titulo, composta pela menina prodígio Adele parece ter tudo para, enfim, dar um Oscar de canção à série Bond. Este blogueiro registra que das canções compostas para filmes este ano, Skyfall é, de longe, a melhor. Dúvidas? Assista um clipe do filme com a canção da moça... Oscar à vista!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

“Termômetro do Oscar”, Globo de Ouro divulga indicados;Lincoln e Argo favoritos


Cefas Carvalho

Conhecido como “termômetro do Oscar”, já que as indicações via de regra coincidem em 75% com os nomeados ao prêmio da Academia, o Globo de Ouro (Golden Globe), concedido anualmente pela Associação dos Correspondentes Estrangeiros em Hollywood, teve seus indicados divulgados nesta quinta-feira.

Não houve surpresas. Esperava-se que Lincoln e Argo dominassem as indicações. Eu particularmente me surpreendi com a ausência de Beasts of Southern wild, filme americano que mais despertou meu interesse e expectativas. Como o Globo de Ouro tem tendência a indicar astros e estrelas, é pouco provável que os indicados Richard Gere e Leonardo de Caprio cheguem aos Oscars. Filmes independentes também não tem muito espaço no Globo de Ouro (vide a ausência de Beasts e da atriz de seis anos que estrela o filme e que vem encantando os cinéfilos) e de outros “indies” elogiados. Como – exceção feita á trilha sonora – o Globo não concede prêmios técnicos, é possível que no Oscar filmes como Os Miseráveis e Anna Karenina encontrem mais espaço (na verdade, devem, juntamente com Lincoln, vencer todos os prêmios técnicos e visuais). E, se me for permitido apostar em “zebras”, acho que “Amor” do mestre Haneke vai surpreender no Oscar e emplacar umas indicações de diretor, fotografia, roteiro e talvez ator e atriz. A esperar. Por ora, confira a relação completa dos indicados em cinema.

Melhor filme - Drama
Argo
Django Livre
As Aventuras de Pi
Lincoln
A Hora Mais Escura

Melhor filme - Musical
O Exótico Hotel Marigold
Les Misérables
Moonrise Kingdom
Amor Impossível
Seven Psychopaths



Melhor ator - Drama
Daniel Day-Lewis for Lincoln
Richard Gere for A Negociação
John Hawkes for The Sessions
Joaquin Phoenix for The Master
Denzel Washington for Flight 


Melhor atriz - Drama
Jessica Chastain for A Hora Mais Escura
Marion Cotillard for Ferrugem e Osso
Helen Mirren for Hitchcock
Naomi Watts for O Impossível
Rachel Weisz for The Deep Blue Sea 


Melhor ator - Musical ou comédia
Jack Black for Bernie
Bradley Cooper for O Lado Bom da Vida
Hugh Jackman for Les Misérables
Ewan McGregor for Amor Impossível
Bill Murray for Hyde Park on Hudson 


Melhor atriz - Musical ou comédia
Emily Blunt for Amor Impossível
Judi Dench for O Exótico Hotel Marigold
Jennifer Lawrence for O Lado Bom da Vida
Maggie Smith for Quartet
Meryl Streep for Um Divã para Dois

Melhor ator coadjuvante
Alan Arkin for Argo
Leonardo DiCaprio for Django Livre
Philip Seymour Hoffman for The Master
Tommy Lee Jones for Lincoln
Christoph Waltz for Django Livre 


 Melhor atriz coadjuvante
Amy Adams for The Master
Sally Field for Lincoln
Anne Hathaway for Les Misérables
Helen Hunt for The Sessions
Nicole Kidman for The Paperboy


Melhor diretor
Ben Affleck for Argo
Kathryn Bigelow for A Hora Mais Escura
Ang Lee for As Aventuras de Pi
Steven Spielberg for Lincoln
Quentin Tarantino for Django Livre

Melhor roteiro
Amour : Michael Haneke
Django Livre: Quentin Tarantino
Lincoln: Tony Kushner
O Lado Bom da Vida : David O. Russell
A Hora Mais Escura: Mark Boal

Melhor trilha sonora
Anna Karenina: Dario Marianelli
Argo: Alexandre Desplat
A Viagem: Reinhold Heil, Johnny Klimek
As Aventuras de Pi: Mychael Danna
Lincoln: John Williams

Melhor animação
Valente
Frankenweenie
Hotel Transilvânia
A Origem dos Guardiões
Detona Ralph

Melhor filme estrangeiro
Amour
Kon-Tiki
Intocáveis
En kongelig affære
Ferrugem e Osso
 

 



terça-feira, 11 de dezembro de 2012

American Film Institute divulga lista dos 10 melhores filmes americanos do ano

O American Film Institute divulgou a sua tradicional lista dos melhores filmes e séries de TV do ano. O instituto não faz o ranking de forma numeral, apenas libera os vencedores da eleição, sem ordem de preferência.
Confira os destaques de 2012 na opinião do AFI:

Melhores Filmes

Argo
Indomável Sonhadora
Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge
Django Livre
Os Miseráveis
As Aventuras de Pi
Lincoln
Moonrise Kingdom
O Lado Bom da Vida
Zero Dark Thirty


Melhores Séries de TV

American Horror Story
Breaking Bad
Game Change
Game of Thrones
Girls
Homeland
Louie
Mad Men
Modern Family
The Walking Dead


Pelo que se fala, seria impossivel Lincoln, Os Miseráveis e Argo  - que parecem ser os favoritos ao Oscar e ao Globo de Ouro - não estarem entre os dez. Boa surpresa foi perceber Moonrise Kingdom na lista e mantenho a expectativa com Beasts of Southern wild (nem amarrado entendo o nome do filme como Indomável sonhadora). Curioso também com o novo filme de Kathryn Bigelow (Zero dark...), já que gostei muito de Guerra ao terror.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Projeto “Cinema para todos” teve início nesta segunda-feira, 10, em Extremoz com cursos

O Instituto Técnico de Ensino e Cultura (ITEC) iniciou nesta segunda-feira, 10, em Extremoz, curso de cinema no período da manhã e da tarde, na Fundação de Cutura Aldeia do Gaujirú. Há seis anos o ITEC vem colocando o projeto “Cinema para todos” em prática nas cidades e na capital do Rio Grande do Norte. Na abertura do curso o prefeito Klauss Rêgo foi representado pela presidente da fundação, Leda Medeiros.

Em Extremoz, 15 alunos, todos do município, vão aprender sobre os vários aspectos de como fazer cinema. “O objetivo desse projeto é simples”, disse Carlos Tourinho, presidente do ITEC. “Queremos ensinar cinema para quem quer aprender a fazer cinema. Trata-se de uma oficina integrada, em dois expedientes, inclusive sábados e domingos. Uma imersão na arte de fazer cinema” completou Tourinho. O curso será realizado em três oficinas: Criação de roteiros para filmes de ficção, fotografia e câmera para cinema e vídeo e direção e produção de filmes.

 O instituto, considerado como ‘Ponto de Cultura’ arrecada recursos federais por meio do Ministério da Cultura e já alcançou cerca de 60 municípios do RN, tendo produzido 15 filmes de qualidade na categoria curta metragem, sendo que quatro deles foram premiados em festivais.


Equipe

 O cineasta Carlos Tourinho, com mais de 40 anos de carreira, conta com uma equipe de peso, formada por Geraldo Cavalcante (Roteiro), Roberto Wagner (Edição), Berta Colombieri (Produção) e o próprio Tourinho (Direção de cinema e direção de fotografia e câmera).

O objetivo do projeto é o de preparar as pessoas para capacitação profissional em várias áreas do cinema, como por exemplo: roteiro, direção de fotografia e câmera para cinema e vídeo, edição e vários outros ofícios como cenografia, figurinos, ator, continuísta, técnico de som, etc.

“Fomos os pioneiros no ensino do cinema no Rio Grande do Norte, com vários alunos já no mercado de trabalho”, informou Tourinho. “Temos equipamentos de última geração e de alta resolução ‘Full HD’, câmeras fotográficas que filmam com qualidade e equipamentos de iluminação, entre outros. No curso o aluno aprende com novas tecnologias, inclusive com máquinas fotográficas do tipo Canon 60D e Canon 7D”, concluiu Tourinho. (LS).



Serviço

 Cinema Para Todos

Fundação Cultural Aldeia do Guajirú, rua Guadalajara, S/N, Centro antigo de Extremoz

O curso tem duração de 15 dias, iniciado em 10 de dezembro.

15 alunos

De 08h às 11h e de 14h às 17h

Informações: 9429-4145

Foto: Divulgação