sábado, 15 de fevereiro de 2014

Filme belga sobre doença infantil, dor e relacionamento encanta cinéfilos e pode surpreender no Oscar

Cefas Carvalho

Elogiado nos festivais internacionais, candidato a vários prêmios no European Awards, candidato ao Oscar de filme estrangeiro, o drama belga "The broken circle" (que tem como título internacional "Alabama Monroe") vai estrear em Natal, no Cine Cult, no Cinemark, nos dias 4 (terça de Carnaval), 06, 11 e 13 de março. Tive a oportunidade - e o privilégio - de assisti-lo, e pode-se afirmar que é um dos filmes do ano, com chances reais de "roubar" o Oscar do favoritíssimo "A grande beleza".
Pode-se descrever plot e sinopse sem perigo de ser spoiller, pois o filme começa com um casal e uma menininha com câncer no hospital. A partir daí acompanhamos a luta pela vida de Maybelle, filha de Elise (Veerle Baetens) e Didier (Johan Heldenbergh). Como a narrativa ágil alterna presente e passado, logo descobrimos também que ele é um músico de country, romântico, apaixonado pelos EUA e despojado; ela, a alegre e sexy dona de um estúdio de tatuagem. Fica claro que se apaixonam à primeira vista, mesmo sendo muito diferentes. Ela engravida, sem planejamento, eles decidem ter a criança e a vida deles segue feliz e tranquila até a descoberta da doença e a rotina no hospital.
Contudo, não se trata de um "filme sobre doença infantil", como o bom "O óleo de Lorenzo" e tantos outros reprisados ad nauseum na Sessão da Tarde da Rede Globo. É um filme sobre amor, dor, relações e sobre como lidar com situações. No aspecto da relação do casal, o filme lembra "Blue Valentine" e "A guerra está declarada", mas, "The broken circle" consegue ir além, seja pela sua ambição, seja por elevar os questionamentos (ele é ateu, o que terá impacto sobre a relação do casal e a forma de lidarem com a filha).
Mas, como não se trata de um filme-tese, nem se perde em intelectualismos às vezes tão comuns em filmes europeus, "The broken circle" reúne todas as qualidades do bom cinema: a trilha sonora, toda com canções de "bluegrass" (o estilo country mais tradicional que Didier adora) serve como comentário às ações dos personagens e canções das apresentações da banda pontuam os sentimentos do casal. A fotografia é belíssima, assim como o roteiro é criativo e bem escrito. Nota à parte é a atuação dos protagonistas, visceral, emocionante, e não a toa Veerle Baetens ganhou o prêmio de atriz no European Awards. Enfim, um filme obrigatório para se assistir. E, se o cinéfilo tiver filhos, que prepare os lenços.

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