sábado, 17 de janeiro de 2015

Premiações de “filme estrangeiro” são ótimo termômetro da produção mundial (por mais que torçam o nariz)

Cefas Carvalho

Aficionado por premiações cinematográficas como sou, e amante do cinema multicultural fora da “indústria” sempre acompanhei com atenção às indicações de “Filme de língua não inglesa”, mais conhecida como “Filme estrangeiro”.
Essas premiações acabam sendo um bom termômetro – embora não possam ser levadas como único parâmetro, claro – da produção cinematográfica mundial. E para quem torce a cara para o Oscar e demais prêmios anglófilos, o lembrete de que boa parte deles jamais nos chegaria se não fossem essas indicações.

Nas quatro premiações mais prestigiadas de fim de ano (Oscar, Bafta, Globo de Ouro e Independent Spirit Award) que selecionam 5 para eleger depois um vencedor, percebe-se o domínio total de ‘Ida’ e ‘Leviatã’. O primeiro, polonês que assisti e achei excelente, venceu os principais prêmios do European Award. O segundo, aguardando para ver, conquistou prêmio de melhor roteiro em Cannes e, dizem, triscou a Palma de Ouro (que foi para o turco “Água silenciosa, de Nure Belge Celyan, que prometia estar presentes nestas listas)
‘Ida’ e ‘Leviatã” estão presentes nas quatro listas. Sempre com o elogiado sueco ‘Força Maior (Globo e Independent) e a surpresa “Tangerinas”, da Estônia (Oscar e Globo) estão em duas cada uma. O excepcional “Relatos selvagens”, mais um argentino desta safra incrível dos últimos 10 anos, é candidato ao Oscar e tem chances de vencer, em caso de divisão de votos entre “Ida” e “Leviatã”.
Curiosidade: “Trash”, do inglês Stephen Daldry (sim, aquele de “Billy Elliott” e “As horas”) concorre como filme de língua portuguesa.
Entre as ausências de todas as quatro premiações, o bem falado italiano “Capital humano”, o elogiado húngaro “Deus branco” e o já citado “Água silenciosa”. Espanha e Alemanha parecem mostrar uma queda na cinematografia e não ofereceram nenhum filme de relevância no ano.
Curioso também a Ásia que vem mostrado um cinema tão forte (principalmente o sul coreano e o japonês) não ter um representante em nenhuma das premiações.
O francês “Saint Laurent”, sofrível, não concorre a nenhum prêmio. Candidato oficial da França ao Oscar, não ficou sequer entre os 9 pré-selecionados. Melhor seria a França ter indicado para o Oscar “Eu, mamãe e os meninos” de Guillaume Galliene.
O brasileiro “Hoje eu quero voltar sozinho”, de Daniel Ribeiro, apesar de tocante e bem realizando, não teria mesmo fôlego para competir com os filmes citados.
Bem, confira os 5 indicados (6 no caso do Independent) em cada premiação:

Oscar

"Ida" (Polônia)
“Leviatã” (Rússia)
"Tangerines" (Estônia)
"Timbuktu" (Mauritânia)
"Relatos Selvagens" (Argentina)

Bafta

"Ida" (Polônia)
"Leviathan" - (Rússia)
"The Lunchbox"
"Trash - A Esperança Vem do Lixo" (Brasil)
"Dois Dias, Uma Noite" (Bélgica)

Independent

"Ida" (Polônia)
"Leviathan" - (Rússia)
"Força Maior" - (Suécia)
"Mommy" - (Canada)
"Norte, the End of History" - (Filipinas)
"Sob a Pele" - (Reino Unido)

Globo de Ouro

"Ida" (Polônia)
"Leviatã" (Rússia)
"Tangerines" (Estônia)
"Força Maior" (Suécia)
"Gett: The Trial of Viviane Amsalem" (França/Israel)


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