quarta-feira, 25 de maio de 2011

Sobre Filmes Cult e o cinema do desconforto


Cefas Carvalho

De 16 a 22 de maio passado, o Cineclube natal, capitaneado pelos amigos Pedro Fiuza e Nelson Marques, cinéfilos de nobre casta, realizou a 5ª edição da Semana do Filme Cult. Ou seja, uma semana de filmes pouco conhecidos, estranhos e que mal passaram no circuto comercial. Uns eu consegui assistir. Outros, imprensado entre trabalho e falta de tempo, só em DVD. Filmes como o classicão inglês “O homem de palha” e o bizarro holandês “A centopéia humana” que valem uma conmferida.
Na verdade, a Semana fez refletir sobre a prória expressão “Filmes Cult”. Desde sua criação, o cinema é visto como entretenimento e associado a outras formas de diversão. Para milhões de pessoas, cinema é sinônimo de passeio alegre seguido de pizza e-ou lanche. Daí a grande parte da produção cinematográfica mundial (em especial a norte-americana, claro) ser voltada para o bem estar, o bom mocismo, a comunhão familiar, o decompromisso, afinal, ninguém quer estragar a diversão alheia.
Contudo, uma parte do público de cinema não deseja (pelo menos não sempre) diversão, leveza e descomprimisso. Mas, sim, espera dos filmes, debate, inquietação, questionamento, e, por vezes, polêmica e visceralidade. Geralmente filmes com um ou mais itens como estes e que não alcançam sucesso de público (nem teriam como) atingem o status de filmes Cult, ou seja, viram objetos de culto. Por uma ou outra razão.
Existem centenas de filmes considerados “Cult movies”, em maior ou menos escala, e a regra para defini-los é abstrata e incerta. Convencionou-se que filmes sem êxito no mercado formal mas que são citados, comentados, baixados pela internet por cinéfilos, ganham este estigma.
Há filmes objetos de culto pela estranheza do tema, como o francês “Em minha pele” (sobre automutilação), o belga “Minha vida em cor de rosa” (travestismo infantil) ou o canadense “Crash” (sexualidade envolvendo desastres de trãnsito). Outros, o são por que o próprio diretor já é objeto de culto, casos do japonês Takashi Miike e o americano David Lynch.
Há a vertente “trash” dos filmes Cults. Aqueles filmes tão malfeitos, tão bizarros, com interpretações tão tacanhas, que de tão ruins e esquisitos se tornam bons. É o caso de títulos como “O ataque dos vermes assassinos”, “Drácula versus Frankestein” e “Jesus Cristo, caçador de vampiros”. Neste rol, destaca-se “Pink Flamingos”, obra-prima às avessas de John Waters com travestis, sexo explícito, mau gosto aos borbotões e até coprofagia.
Ou seja, quem gosta de filmes adocicados com Julia Robert ou Sandra Bullock ou ainda se emociona com filmes com cachorros e outros bichinhos fofos, nem cheguem perto de nenhum filme citado neste texto.

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