Iwska Isadora
Para o Potiguar Notícias
Diante a indústria cultural, onde se encara com naturalidade o viver em função do dinheiro, praticamente, feliz daquele que sobrevive à massificação e acredita que motivos menos “capitais” guiam os caminhos de quem produz, seja lá o que for.
Argentino, professor doutor em Ciência Política e amante das Artes, Gabriel Vitullo foi o idealizador e organizador do “América Latina no Cinema”. Os filmes latino-americanos ganham vez por aqui, e as exibições acontecem em dois espaços da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN): os auditórios da Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM) e do Núcleo de Estudos e Pesquisas Sociais Aplicadas (NEPSA). O projeto teve início em março e conta com a participação de alunos, funcionários e professores da universidade. O término de sua primeira fase é neste mês de junho, dia 24, com a exibição do filme “Clube da Lua” (Argentina, 2004).
Segundo Vitullo, alguns dos critérios para a seleção de filmes a serem exibidos são a pluralidade de conteúdo, que varia desde assuntos políticos à reprodução do cotidiano dos latino-americanos, a diversidade dos países e filmes mais recentes (a partir da década de 90). No final de cada sessão, os participantes têm espaço para debaterem a respeito do filme, o que transforma o momento num leque de opiniões e experiências.
Carregado de motivações para ampliar o acesso à sétima arte, Vitullo diz que a ideia principal surgiu com a constatação da escassez de espaço na região para os filmes fora do circuito comercial. Mora no Brasil há quinze anos, seis deles vividos em Natal, fator que contribuiu para a criação do projeto, já que a cidade se mostra tão pobre em se tratando da recepção desse tipo de cinema. “Não podemos comparar, mas a Argentina é bem melhor se tratando do acesso à Arte, sem limitar somente ao cinema, mas a arte de um modo geral”. O professor afirma que hoje o Brasil mostra uma melhor aceitação a essas produções, e que o povo está acordando, saindo do costumeiro para conhecer novas possibilidades cinematográficas que se solidificam cada vez mais.
A aceitação do público é positiva. Estrondosa, segundo Gabriel. Os fatores que contribuem para o sucesso vêm do trabalho intenso na sua divulgação, feita pelos participantes dispostos a fazer a coisa acontecer. O professor comenta que o projeto terá continuidade no segundo semestre do ano e que países que não participaram da primeira parte terão sua vez. O “América Latina no Cinema” não foi o único trabalho de Vitullo voltado para a arte, outro projeto de grande visibilidade foi o “Cinema e Ditadura na América Latina”, também sobre filme, porém com tema mais específico.
É difícil atribuir apenas um fator responsável pelo sucesso do projeto. Difícil também, em outros tempos, seria falar de cinema e o primeiro pensamento não ser remetido à Hollywood. Hoje o momento é de acordar. As pessoas estão aguçando o olhar para aquilo que não era costumeiro, e isso é um ponto fundamental para caracterizar uma nova fase do cinema latino-americano. É ver e apreciar o que é nosso antes de importar um produto e tê-lo com único modelo de valor. Talvez, se nos permitíssemos conhecer outras possibilidades, além das ditadas pela cultura de massa, saberíamos avaliar cada produção a partir de fundamentos mais claros e menos preconceituosos.
Muito interessante. A UFRN está de parabéns.
ResponderExcluirO Falcão Maltês