Natal receberá de segunda-feira (03) a quarta-feira (5) a 5ª edição do “Festival de Cinema Polonês”. Serão três dias de exibição gratuita no auditório do Campus IFRN Cidade Alta. O evento, que conta com as mais novas e premiadas produções do cinema Polonês, acontece desde 2009, já passou pelos principais centros culturais do país. Nesta edição, além de Natal, teve como sede Brasília, Curitiba, Belo Horizonte e Salvador. “Dar à população acesso a filmes que não entram no circuito comercial e, principalmente, um cinema que não é muito conhecido, mas é de produções muito bem feitas, algumas premiadas e indicadas ao Oscar”, são alguns dos motivos que dão grande importância ao evento, afirma Mary Land Brito, professora responsável pela vinda do Festival ao Campus. Serão exibidos seis longas-metragens, tendo destaque a comedia de humor negro “Canção de ninar”, de Juliusz Machulski, que será exibida na manhã de abertura do evento, às 9h. Outros filmes em cartaz são “80 milhões”, de Waldemar Krzystek , “Ideléveis”, de Jacek Borcuch, “Imagine”, de Andrzej Jakimowski, , “O Amor”, de Sławomir Fabicki e “A quinta estação do ano”, de Jerzy Domaradzki. As exibições acontecerão em dois horários as 9h e 18h30. Além dos longas serão incluídos curtas-metragens de animação, sendo esta a novidade desta edição. A decisão de inserção dos curtas é resultado do reconhecimento das obras polonesas nesse campo, como por exemplo o curta “Caminhos do Ódio” que em 2011 foi premiado no Anima Mundi e eleito o melhor filme de animação na Comic-Con e “A Catedral” indicado ao Oscar no ano de 2003. Além da estrutura fornecida pelo Instituto outro fator que fez o Cidade Alta uma das sedes do Festival de Cinema Polonês foi a participação dos alunos de Produção Cultural. Eles ficaram com a responsabilidade de organização do evento, desde a pré-produção à mobilização do público. Trabalho que, para Mary Land, tem sido feito “com bastante primazia”. A equipe de produção do Festival é composta por nove alunos do 4º período de Produção Cultural do IFRN Natal – Cidade Alta. A iniciativa funciona como uma atividade prática desenvolvida pelos estudantes da disciplina de Fundamentos do Audiovisual. Para a aluna do curso e uma das organizadoras do evento, Luzia Oliveira, este é o momento das grandes aprendizagens. “É onde podemos, através da prática, testarmos os nossos conhecimentos teóricos, absorvidos em sala de aula, e desenvolver as habilidades adquiridas. O momento de aprender fazendo”, reforça.
Programação do Festival
Segunda-feira 09h
GATA / LASKA (curta), dir. Michał Socha Polônia, 2008 / 05:02
CAMINHOS DO ÓDIO / PATHS OF HATE (curta), dir. Damian Nenow Polônia 2010 / 10:39
A QUINTA ESTAÇÃO DO ANO / PIĄTA PORA ROKU Polônia, 2012 / 96 min. Gênero: Drama Classificação indicativa: 12 anos
Segunda-feira 18h30
A HISTÓRIA DA POLÔNIA EM ANIMAÇÃO /ANIMOWANA HISTORIA POLSKI (curta), dir. Tomek Bagiński Polônia, 2010 / 08:30
INDELÉVEIS / NIEULOTNE (longa) Polônia, Espanha, 2012 / 93 min. Gênero: Drama Classificação indicativa: 16 anos
Terça-feira 09h
DESFAZER / UNDO (curta), dir. Marcin Waśko Polônia 2003, 02:48
A GRANDE FUGA / WIELKA UCIECZKA (curta), dir. Damian Nenow Polônia, 2006 / 06:29
80 MILHÕES / 80 MILIONÓW (longa) Polônia, 2011 / 102 min. Gênero: Drama político Classificação indicativa: 16 anos ARCA / ARKA, dir. Grzegorz Jonkajtys Polônia, 2007 / 08:14
Terça-feira 18h30
A ARTE CAÍDA / SZTUKA SPADANIA (curta), dir. Tomek Bagiński Polônia, 2004 / 05:42
O CINEMATÓGRAFO / KINEMATOGRAF (curta), dir. Tomek Bagiński Polônia 2009, 12:12
IMAGINE / IMAGINE (longa) Polônia, França, Portugal, 2012 / 105 min. Gênero: Drama Classificação indicativa: 16 anos
Quarta-feira 09h
A AULA DO INFINITO/ LEKCJA NIESKOŃCZONOSCI (curta), dir. Jakub Jabłoński e Bartłomiej Kik Polônia, 2008 / 14:48
A ARTE CAÍDA / SZTUKA SPADANIA (curta), dir. Tomek Bagiński Polônia, 2004 / 05:42
CANÇÃO DE NINAR / KOŁYSANKA (longa) Polônia, 2010 / 95min. Gênero: Comédia Classificação indicativa: 14 anos
Quarta-feira 18h30
A CATEDRAL / KATEDRA (curta), dir. Tomek Bagiński Polônia, 2002 / 06:20
DESFAZER / UNDO, dir. Marcin Waśko Polônia 2003, 02:48
O AMOR/MIŁOŚĆ (longa) Polônia, 2010 / 105 min. Gênero: Drama Classificação indicativa: 16 anos
SERVIÇO Quando: de 03 a 05 de fevereiro Horários: 09h / 18h30 Onde: IFRN Cidade Alta
Seis anos após Tropa de Elite ganhar o Urso de Ouro, o Festival de Berlim voltará a ter um filme brasileiro na competição oficial. "Praia do futuro", novo longa-metragem dirigido por Karim Aïnouz (Madame Satã e O Céu de Suely), está entre os filmes anunciados para a mostra competitiva do festival. Estrelado por Wagner Moura e Jesuíta Barbosa, o filme acompanha a busca de um jovem por seu irmão mais velho, um salva-vidas que subitamente resolveu se mudar para Berlim após salvar a vida de um alemão (Clemens Schick) que estava na praia cearense que dá nome ao filme. O lançamento nos cinemas brasileiros será em 1º de maio pela California Filmes. Ao todo 15 filmes estarão na disputa pelo Urso de Ouro, o cobiçado prêmio máximo do evento. A relação chama a atenção pelo pouco destaque concedido ao cinema americano, que tem apenas um filme na disputa, e a presença de três filmes chineses e dois argentinos.
Confira a relação abaixo: - Praia do Futuro, de Karim Aïnouz (Brasil/Alemanha) - Bai Ri Yan Huo, de Diao Yinan (China) - Boyhood, de Richard Linklater (Estados Unidos) - Chiisai Ouchi, de Yoji Yamada (Japão) - Historia del Miedo, de Benjamin Naishtat (Argentina/Uruguai/Alemanha/França) - Jack, de Edward Berger (Alemanha) - Kraftidioten, de Hans Petter Moland (Noruega) - Kreuzweg, de Dietrich Nrüggeman (Alemanha) - La Belle et la Bête, de Christophe Gans (França/Alemanha) - La Tercera Orilla, de Celina Murga (Argentina/Alemanha/Holanda) - La Voie de l'Ennemi, de Rachid Bouchareb (França/Estados Unidos/Argélia/Bélgica) - Macondo, de Sudabeh Mortezai (Áustria) - Tui Na, de Ye Lou (China/França) - Wu Ren Qu, de Hao Ning (China) - Zwischen Welten, de Feo Aladag (Alemanha) Vale lembrar que mais dois filmes brasileiros serão exibidos no Festival de Berlim, só que na mostra Panorama: 'O Homem das Multidões', de Cao Guimarães e Marcelo Gomes, e 'Hoje Eu Quero Voltar Sozinho', de Daniel Ribeiro. O Festival de Berlim acontecerá entre 6 e 16 de fevereiro.
Cefas Carvalho Saíram as indicações ao Oscar 2014 (dos filmes produzidos em 2013) e com algumas horas de atraso (imperdoáveis para o padrão Internet-redes sociais) aqui está o Veludo Azul com a lista dos indicados (exceção feita a documentários e curtas). Como se esperava, "Gravidade", "12 anos de escravidão" e "Trapaça" dominaram as nomeações em um ano sem surpresas e sem filmes extraordinários, diga-se de passagem. Este blogueiro vai se abster de comentar com profundidade os favoritos, já que só assisti "Gravidade" dos principais indicados. Espero com ansiedade "12 anos de escravidão" e "Nebraska" e tenho minhas reticências com "Trapaça", que sei que vou achar bom e só, o que achei de "O lado bom da vida" e "O vencedor" os dois incensados filmes anteriores de David O. Russell. Um Oscar de direção para Alfonso Cuarón, de "Gravidade", seria merecido, além de quebrar um paradigma: primeiro cineasta latino-americano a ganhar o prêmio de direção (embora em um filme americano). "A grande beleza", de Paolo Sorrentino, deverá ganhar o de filme estrangeiro, colocando a Itália de volta ao topo das premiações, após muito tempo. No mais, arrisco outros palpites após assistir os demais filmes. Segue a lista: FILME “Trapaça” “12 Anos de Escravidão” “Gravidade” "Capitão Phillips" “O Lobo de Wall Street” “Philomena” “Nebraska” “Ela” “Clube de Compras Dallas”
ATOR Matthew McConaughey, “Clube de Compras Dallas” Chiwetel Ejiofor, “12 Anos de Escravidão” Bruce Dern, “Nebraska” Christian Bale, “Trapaça” Leonardo DiCaprio, “O Lobo de Wall Street”
ATOR COADJUVANTE Jared Leto, “Clube de Compras Dallas” Barkhad Abdi, “Capitão Phillips” Michael Fassbender, “12 Anos de Escravidão” Bradley Cooper, “Trapaça” Jonah Hill, “O Lobo de Wall Street”
ATRIZ COADJUVANTE Lupita Nyong'o, “12 Anos de Escravidão” Jennifer Lawrence, “Trapaça” June Squibb, “Nebraska” Julia Roberts, “Álbum de Família” Sally Hawkins, “Blue Jasmine”
DIRETOR David O. Russell, “Trapaça” Alfonso Cuaron, “Gravidade” Steve McQueen, “12 Anos de Escravidão” Martin Scorsese, “O Lobo de Wall Street” Alexander Payne, “Nebraska”
ROTEIRO ORIGINAL Spike Jonze, “Ela” Eric Singer, David O. Russell, “Trapaça” Bob Nelson, “Nebraska” Woody Allen, “Blue Jasmine” Craig Borten, “Clube de Compras Dallas”
ROTEIRO ADAPTADO John Ridley, “12 Anos de Escravidão” Terrence Winter, “O Lobo de Wall Street” Steve Coogan, “Philomena” Billy Ray, “Capitão Phillips” Julie Delpy, Ethan Hawke, Richard Linklater, “Antes da Meia-Noite”
FILME ESTRANGEIRO “A Grande Beleza” (Itália) “Alabama Monroe” (Bélgica) “L’Image Manquante” (Camboja) “A Caça” (Dinamarca) “Omar” (Palestina)
ANIMAÇÃO “Frozen – Uma Aventura Congelante” “Vidas ao Vento” "Ernest and Celestine" “Meu Malvado Favorito 2” “Os Croods”
EDIÇÃO “Gravidade” “Trapaça” “Clube de Compras Dallas” “12 Anos de Escravidão” "Capitão Phillips”
DIREÇÃO DE ARTE “Trapaça” “Gravidade” “12 Anos de Escravidão” “O Grande Gatsby” “Ela”
FIGURINO “Trapaça” “O Grande Mestre” “O Grande Gatsby” “The Invisible Woman” “12 Anos de Escravidão”
MAQUIAGEM “Clube de Compras Dallas” “Jackass Apresenta: Vovô Sem Vergonha” “O Cavaleiro Solitário”
MIXAGEM DE SOM “Gravidade” “O Grande Herói” “Inside Llewyn Davis” “O Hobbit: A Desolação de Smaug” “Capitão Phillips”
EDIÇÃO DE SOM “Até o Fim” “Gravidade” “Capitão Phillips” “O Hobbit: A Desolação de Smaug” “O Grande Herói”
EFEITOS VISUAIS “Gravidade” “O Hobbit: A Desolação de Smaug” “Homem de Ferro 3” “O Cavaleiro Solitário” “Além da Escuridão: Star Trek”
TRILHA SONORA “A Menina que Roubava Livros” “Gravidade” “Ela” “Philomena” “Walt nos Bastidores de Mary Poppins”
CANÇÃO ORIGINAL “Alone Yet Not Alone” – Bruce Broghton (“Alone Yet Not Alone”) “Happy” – Pharrell Williams (“Meu Malvado Favorito 2”) “Let it Go” – Kirsten Anderson-Lopes (“Frozen: Uma Aventura Congelante” ) “The Moon Song” – Karen O. (“Ela”) “Ordinary Love” – U2 (“Mandela”)
Cefas Carvalho
Elogiado no Festival de Cannes, vencedor dos principais prêmios do European
Awards (filme, diretor e ator), pré-candidato ao Oscar de filme estrangeiro com
jeitão de favorito, "A grande beleza" surgiu para mim como uma grande
surpresa. Descrente do cinema italiano há umas boas décadas (apesar dos acertos
ocasionais de Nanni Moretti, Pupi Avati e Giuseppe Tornatore), já tinha
conhecido a obra de Sorrentino no bom "Il divo" e há muito tenho
vontade de assistir "Aqui é o meu lugar", com Sean Penn. Mas, nada do
que eu havia lido sobre o cidadão garantiria que "A grande beleza" -
que assisti mais pelos prêmios a qual estava e está concorrendo - fosse me
encantar. Contudo, foi exatamente o que ocorreu. Se de início, Sorrentino
recorre a imagens desconexas e colagens (que poderia resultar em uma pseudo
intelectualidade ou em tédio), o filme logo mostra ao que veio, ao nos mostrar,
em conta-gotas, a realidade de Jep Gambardella, escritor que lançou seu único e
excelente romance 40 anos atrás e que encara com tédio e humor ácido a
"dolce vida" que leva entre festas, amigos e mulheres. Tudo isso
narrado com o olhar felliniano de "A doce vida" e "Oito e
meio", em um raio X atualizado das superficialidades e idiossincrasias da
classe alta romana. Consciente da superficialidade de sua vida, Jep se agarra a fatos corriqueiros (um quase romance com a filha stripper de um
amigo dono de cabaré, a evocação de um amor adolescente do passado) para
retomar às ambições e quem sabe escrever novo livro. As incursões de Gambardella
pelas ruas (turísticas ou bizarras) de Roma são das melhores cenas do filme,
que, em meio à tanto tédio e superficialidade dos personagens, se mostra
humano e profundo no sentido de analisar o que leva cada um a escolher a vida
que tem. Uma pergunta que Jep parece se fazer implicitamente durante o filme
inteiro. Dia desses, "A grande beleza" ganhou o Globo de Ouro de
filme estrangeiro e parece ter tudo para vencer também o Oscar da categoria. O
que seria merecido pela qualidade do filme em si, pela revisita ao universo de
dois clássicos de Fellini e pela capacidade retomada e antiga do cinema
italiano de ter uma visão apurada sobre sua própria cultura.
Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes deste ano, dirigido pelo ótimo e badalado Abdelatif Kechiche (de "O segredo do grão" e "Vênus negra") e com a atriz francesa em ascensão meteórica Lea Seydoux, "La vie d´Adele" que no Brasil recebeu o nome internacional de "Azul é a cor mais quente", vai estrear em Natal na tela grande, por incrível que pareça (Vários amigos haviam baixado o filme, mas eu queria vê-lo na telona...). Graças aos esforços do Cine Cult Natal, ou o leitor do blog achou que Cinemark, Moviecom e Cinépolis iam bem deixar de exibir por contra própria blockbusters americanos e comédias besteirol da Globo Filmes para passar um filme francês de três horas sobre o amor entre duas jovens? Pois, depois da exibição do filme "Bastardos", de Claire Denis, entraria "Um Castelo na Itália", de Valeria Bruni-Tedeschi (esposa de Louis Garrel), mas devido à oportunidade e à demanda, os coordenadores do Cine Cult Natal conseguiram encaixar "Azul..." na programação para os dias 21, 23, 28 e 30 de janeiro às 22 horas. "O Horário era um grande empecilho e espero que entendam que para um cinema de grande performance na programação comercial como o de Natal ficaria inviável abrir mão de 2 sessões por uma do filme, que tem 190 minutos , então esse horário foi o mais cedo possível. Dependendo do acesso do público faremos mais 2 sessões extras", informou no Facebook o pessoal do Cine Cult Natal. Quer outra boa notícia? "Ninfomaníaca", de Lars Von Trier será exibido em fevereiro...
Cefas Carvalho Iconoclasta que sou, não compactuo com superstição alguma. Sou daqueles de passar por debaixo de escada e afagar gato preto em sexta-feira 13. Contudo, desenvolvi ao longo dos tempos uma superstição particular que é a do primeiro filme a assistir no ano que entra. Já teve de tudo, claro. De anos iniciados com "Amarcord", "Doutor Jivago" e "Quanto mais quente melhor" até "Cantando na chuva" e "Sete noivas para sete irmãos". Teve anos, ou por morbidez ou mero acaso que iniciei os trabalhos cinematográficos com o peso de Bergman em "Gritos e sussurros". Mas, nem só de clássicos viveu minha superstição pessoal. Há tempos anos recordo que já iniciei anos com "Porky´s" e "Footloose". Neste 2014 tive o prazer e privilégio de rever "Jules e Jim", como primeiro filme do ano. Clássico absoluto de François Truffaut, melhor filme sobre amizade da história do cinema, "Jules e Jim" (que no Brasil recebeu o subtítulo infeliz de "Uma mulher para dois" - spoiller e grosseria ao mesmo tempo) é um filme (de 1962) que, ao contrário de tantos outros, cresce com o tempo. Cada vez que o vejo ele fica melhor. Também defendo que é um dos oito, nove ou dez filmes que todo ser humano deveria assistir antes de morrer. A história é tão conhecida que o plot é quase desnecessário. Os amigos Jules e Jim se interessam pela mesma mulher, Catherine, definida por Jules, que se casa com ela, como "uma força da natureza". O filme acompanha as relações entre os três e a inabalável amizade dos dois ao longo dos anos. Filme onde tudo funciona, tem no espírito libertário seu maior trunfo, nestes dias de conservadorismo em ascensão (tanto que Hilton Lacerda definiu seu "Tatuagem" como um soco neste puritanismo atual do cinema brasileiro). Claro que o talento e beleza misteriosa de Jeanne Moreau funcionam como um dínamo para o filme. Quem não o viu, que o faça o mais rápido possível.