Cefas Carvalho
Não é desconhecido dos leitores atentos deste blog passional que sou fascinado pelo atual cinema argentino. Desde os medalhões Campenella ("O segredo dos seus olhos" e o "filho da noiva"), até filmes mais modestos e igualmente bons ("Nove rainhas"), o cinema platino vem se destacando. Pois que há tempos leio sobre um da nova safra que de quebra apresenta temática que me instiga: "XXY", sobre transexualidade e hermafroditismo. Ainda mais, casado com uma bióloga estudiosa do assunto, eis que para adquirir e assistir o filme foi um passo.
E um passo dos melhores. Dirigido por Lucia Puenzo (filha de Luiz Puenzo, diretor de "A história oficial", clássico dos anos 80), o filme é uma pérola de delicadeza (embora visceral) sem se preocupar com didatismos ou explicações médicas que poderiam soar maçantes. Nada disso. A preocupação de roteiro e direção é com o quadro psicossocial da jovem Alex, que logo descobrimos ser hermafrodita e que, aos 15 anos, começa a ter a sexualidade despertada, o que vai lhe colocar no perigoso campo das escolhas. A trama em si é impulsionada quando Alex e seus pais, que moram em uma cidade litorânea na divisa com o Uruguai, recebem um casal amigo com um filho também adolescente.
Sem cair em pieguismo, situações fáceis ou manipular o espectador com falsos clímaxes e situações limites, como cansa de fazer o cinemão americano, "XXY" se detrem na personalidade de Alex e nos comportamentos distintos de pai e mãe dela. Vale dizer que o pai, Kraken, é vivido pelo onipresente Ricardo Darin (sim, o mesmo de "O segredo dos seus olhos", "Nove rainhas", "O filho da noiva", "Um conto chinês", "Clube da lua" etc), sempre excelente. Igualmente ótima é a atriz Inés Efron que vive Alex, papel dificil e complexo. Em suma, ótimo filme para quem gosta de temas como sexualidade e genética ou para quem simplesmente curte bom cinema não-convencional. Também é um tapa com luva de seda (em certas cenas, com luva de boxe) no preconceito e na homofobia.
Olá, parceiro, depois de umas pequenas férias, O FALCÃO MALTÊS está de volta, disposto a continuar celebrando sua paixão pelo cinema clássico.
ResponderExcluirCumprimentos cinéfilos!
O Falcão Maltês
Oba, Nahud. Vou passar por lá, como sempre. Acompanhei seu sucesso com o livro. Abração, amigo!
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