quinta-feira, 16 de maio de 2013

Nunca houve mulher no cinema francês como Betty Blue



Cefas Carvalho

Nunca houve mulher como Gilda, dizia o slogan do clássico de 1946, de Charles Vidor, com a deusa Rita Hayward. É verdade, mas também nunca houve no cinema mulher como Betty Blue, do filme homônimo de Jean-Jacques Beiniex de 1986. É certo que o cinema francês sempre foi pródigo em mulheres maluquinhas ou loucas de pedra mesmo (destaque maior para a Catherine vivida por Jeanne Moreau em Jules e Jim), mas como Betty Blue, poucas ou nenhuma. Vivida pela belíssima Beatrice Dalle, cuja carreira infelizmente não decolou, Betty aparece do nada para encantar e infernizar a vida de Zorg (Jean Hugues Anglade), marceneiro e pintor que na realidade é um escritor frustrado, como descobre a moça. Da tentativa dela de fazer Zorg ser editado, uma série de reviravoltas envolvendo o temperamento alucinado de Betty e golpes do destino conduzem o casal para lugares e situações desconhecidos. Filme charmosíssimo, sexy, despudorado, com linda trilha sonora de Gabriel Yared (que depois ficaria famoso por O paciente inglês) e o ar estiloso do cinema francês dos anos 80, Betty Blue merece uma revisita - como a que fiz numa insone madrugada dessas – para nos mostrar as delícias e dores do amour fou, o amor louco tão caro aos franceses.

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