Nunca houve mulher no cinema francês como Betty Blue
Cefas
Carvalho
Nunca houve mulher
como Gilda, dizia o slogan do clássico de 1946, de Charles Vidor, com a deusa
Rita Hayward. É verdade, mas também nunca houve no cinema mulher como Betty
Blue, do filme homônimo de Jean-Jacques Beiniex de 1986. É certo que o cinema
francês sempre foi pródigo em mulheres maluquinhas ou loucas de pedra mesmo
(destaque maior para a Catherine vivida por Jeanne Moreau em Jules e Jim), mas
como Betty Blue, poucas ou nenhuma. Vivida pela belíssima Beatrice Dalle, cuja
carreira infelizmente não decolou, Betty aparece do nada para encantar e
infernizar a vida de Zorg (Jean Hugues Anglade), marceneiro e pintor que na
realidade é um escritor frustrado, como descobre a moça. Da tentativa dela de
fazer Zorg ser editado, uma série de reviravoltas envolvendo o temperamento
alucinado de Betty e golpes do destino conduzem o casal para lugares e
situações desconhecidos. Filme charmosíssimo, sexy, despudorado, com linda
trilha sonora de Gabriel Yared (que depois ficaria famoso por O paciente
inglês) e o ar estiloso do cinema francês dos anos 80, Betty Blue merece uma revisita
- como a que fiz numa insone madrugada dessas – para nos mostrar as delícias e
dores do amour fou, o amor louco tão caro aos franceses.
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