Cefas Carvalho
Com algum atraso posto neste Veludo Azul material sobre o Oscar 2013 (premiando os filmes de 2012), realizado no domingo dia 24 em tradicional festa com pompa e circusntância em Los Angeles. Na verdade, pouco há para se dizer, posto que as redes sociais ficaram entupidas com notícias e comentários sobre a festa. Sites sérios como Uol, Ig, Yahoo e Bol produziram matérias em tempo real e nas redes sociais proliferaram comentrários e observações sobre os filmes, as roupas, os erros da academia, as gafes etc e tal.
Democrata convicto, sou voltariano daqules de defender até a morte o direito de alguém dizer algo que eu discorde. Mas, o fato é que em eras de internet e redes sociais, a verborragia parece excessiva e certas aberrações inibiram a vontade de, como em todos os outros anos, escrever textos sobre a cerimônia e, melhor, sobre os filmes (razão de ser da festa).
É que vejo aos montes "críticos" de cinema cometendo a façanha de criticarem alguns dos vencedores admitindo que sequer os assistiram! Outros (que certamente também não viram os filmes que criticam) recorrem ao preconceito mesmo: Como um longa dirigido e estrelado por Ben Affleck pode vencer como melhor filme?!
O problema maior é boa parte dos internautas não entender a mecanica das premiações. O Oscar é uma festa da indústria americana para a indústria americana. Uma festa que aceita penetras (O artista ano passado, Roberto Begigni vencendo o prêmio de melhor ator, Marion Cottilard vencendo Julie Christie, Cidade de Deus concorrendo a 5 estatuetas). Mas, a festa é essencialmente americana. Mais que isso, trata-se da opinião de um determinado grupo, como, aliás, também são as premiações de festivais elitizados e prestigiados como Cannes, Berlim e Veneza. Cito texto da jornalista Ana Maria Bahiana, que mora em Los Angeles há 30 anos e faz parte dos eleitores do Globo de Ouro: "Com todo o seu glamour e prestígio, o Oscar é apenas a manifestação da opinião de um grupo de pessoas num determinado momento. No caso, o grupo de pessoas é a síntese da indústria cinematográfica norte americana – com um grande componente internacional, que cresce a cada ano – e suas escolhas refletem o consenso de seu gosto, neste ano".
Dito tudo isso, vamos às opiniões deste blogueiro. Amor é o melhor filme do ano disparado e deveria vencer melhor filme, diretor e atriz? Sim, claro! Havia alguma chance de isso acontecer? Remota. Mas, o fato de Amor ser sensacional torna Argo um mau filme? Não. Argo é bem dirigido, bem montado, tem ótimo roteiro e trata de um história fascinante. Não entrará para os clássicos do cinema, mas também não é a porqueira que estão pintando. Django livre é uma obra prima ou mais uma farsa violenta e banal de Tarantino? Depende de você gosta ou não do diretor. Tenho amigos com gostos parecidos com os meus que tem nojo dos filmes de Christophe Honoré, meu cineasta jovem preferido. Em compensação tenho amigos cinéfilos que tem em Godard um deus e eu, particularmente não morro de amores por ele. Simples assim.
Particularmente meus filmes preferidos entre todos que disputavam o prêmio eram Amor e Indomável sonhadora. Mas, era pedir demais que um filme francês passado em um apartamento e outro independente dirigido por um rapaz de 35 anos ganhassem como melhor filme. Não por um ódio da Academia a filmes mais densos e profundos, mas, porque a mecanica da premiação é essa. Ou por acaso clássicos absolutos (mas convencionais) do cinemão americano - como A noviça rebelde, Bonequinha de luxo, Assim caminha a humanidade - venceram ou venceriam festivais de Cannes ou Veneza? Afinal, a mecânica de festival é diferente.
Bem, por hoje é isso. Amanhã tem mais sobre Oscar, cinema e indústria.
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